Práticas musicais, linguísticas e outras: variações menores sobre diversos temas maiores

Resumo

O principal tema deste artigo é uma abordagem pragmatista para as práticas humanas. Outro é o modo como práticas específicas fornecem recursos inestimáveis para estruturar tal abordagem e, ainda, outro é o modo como as práticas musicais são especialmente luminosas a esse respeito. A ênfase de tal abordagem às práticas incidem decisivamente na performance, em vez de uma partitura, roteiro ou interpretação. Em outras palavras, as práticas humanas são, a partir da perspectiva pragmatista, contextos variáveis nas quais as performances improvisadas ou extemporâneas são a regra em vez da exceção. Além disso, elas são recursos incalculáveis sobre as quais atores de improviso podem elaborar, inclusive o recurso de performances exemplares ou paradigmáticas. Entretanto, em uma das tradições dominantes da música ocidental, o Werktreuer pareceria oferecer um obstáculo para tal abordagem pragmatista às práticas musicais. Parte do argumento aqui é seguir a conduta de teóricos como Richard Taruskin, Lydia Goehr e Christopher Small. Isto significa, digo, interpretar a partitura musical como uma destilação codificada de uma performance ideal. Mas, em vez disso, isto significa conceber a partitura como um recurso para uma performance (não a performance como simplesmente uma aproximação imperfeita de uma forma intemporal). As dimensões temporal e histórica daquilo que Small chama de musicking precisam ser dadas devidamente. Isso nos leva a apreciar como cada aspecto de qualquer prática humana é uma característica temporal e histórica irredutível do que é, afinal, sempre um assunto evoluído e evolutivo. Isso inclui, aparentemente, questões intemporais ou atemporais tais como as partituras musicais.