Presença de Peirce na literatura psicanalítica recente: em que direções?

Resumo

Neste artigo é destacado um uso que está havendo de elementos da filosofia de Peirce na literatura psicanalítica. São examinados trabalhos de autores bastante reconhecidos nesta área, procurando contribuições de noções peircianas para o esclarecimento de questões psicanalíticas. O tema de um dos trabalhos é como os signos de Peirce poderiam auxiliar no preenchimento de uma lacuna conceitual existente na psicanálise, em relação a fenômenos que existem entre o que são chamadas de “equações simbólicas” (representações vividas como fatos, encontradas em psicóticos) e a simbolização propriamente dita, conforme é designada na psicanálise. Outro trabalho questiona a noção de Jacques Lacan de que o inconsciente se estrutura como uma linguagem, sugerindo que os signos de Peirce, particularmente os ícones e índices, seriam mais adequados para o pensamento sobre os fenômenos inconscientes do que os linguísticos usados por Lacan. Um terceiro trabalho dá um bom exemplo de como as noções filosóficas de Peirce podem trazer esclarecimentos na área clínica, pois elas são usadas para responder a críticas, a um tratamento de mães-bebês, de que as palavras não podem ser entendidas pelos bebês. O autor diz que ao falar não está somente usando signos simbólicos, mas também ícones e índices, por meio das expressões faciais, atitudes, tons de voz, etc., que são transmitidas para os bebês. O último dos trabalhos é mais complexo, na medida em que nele são atribuídas significações duvidosas a algumas concepções de Peirce, o que necessita ser alvo de discussão.