A busca, o encontro, o caleidoscópio:
Novas perspectivas para uma educação linguística ampliada para surdos
DOI:
https://doi.org/10.1590/1678-460x202259466Palabras clave:
minorias linguísticas; surdos; bi-multilinguismos; formação de professores; educação linguística ampliada.Resumen
Esse artigo focaliza o percurso acadêmico de duas estudiosas do campo da educação bi/multilíngue de surdos destacando em especial a relevância das contribuições da professora, orientadora e pesquisadora Marilda Cavalcanti e seu significativo papel nas reflexões sobre contextos sociolinguisticamente complexos constituídos por minorias linguísticas ou minoritarizadas. Apresenta-se um panorama da produção teórica de Cavalcanti desde seu artigo seminal publicado na Revista Delta em 1999 até os dias de hoje, enfatizando reflexões, conceitos e discussões propostas pela autora que contribuíram para desnaturalizar representações sobre sujeitos pertencentes a minorias, como os surdos, desessencializar o conceito de língua, interpelar o mito do monolinguismo, permitindo compreender os surdos e a educação de surdos a partir de um aporte teórico pós-estruturalista e pós-colonial. Por fim, ressaltamos a importante perspectiva caleidoscópica de língua proposta por Cavalcanti e a sua proposição de uma “educação linguística ampliada” com base na intercompreensão e nos estudos de translinguagem para a formação de professores.
Citas
Bagno, M. (2013). Do galego ao brasileiro, passando pelo português: crioulização e ideologias linguísticas. In L. P. Moita-Lopes (Ed.), O português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico (pp. 319-338). Parábola.
Bhabha, H. K. (1999). O local da cultura. Editora da UFMG.
Brito, L. F. (1993). Integração social & educação de surdos. Babel. Brito, L. F. (1995). Por uma gramática de Língua de Sinais. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro.
Canagarajah, A. S. (Ed.). (2013). Literacy as translingual practice:
between communities and classrooms. Routledge.
Cavalcanti, M. C. (1999). Estudos sobre educação bilíngue e escolarização em contextos de minorias linguísticas no Brasil. DELTA, 15(spe),
-417. https://doi.org/10.1590/S0102-44501999000300015. Cavalcanti, M. C. (2006). Um olhar metateórico e metametodológico em pesquisa em linguística aplicada: implicações éticas e políticas. In L. P. Moita-Lopes (Ed.), Por uma linguística aplicada indisciplinar
(pp. 233-252). Parábola.
Cavalcanti, M. C. (2011). Bi/multilinguismo, escolarização e o (re)
conhecimento de contextos minoritários, minoritarizados e invisibilizados. In M. C. C. Magalhães, S. S. Fidalgo & A. S. Shimoura (Eds.), A formação no contexto escolar: uma perspectiva crítico- colaborativa (pp. 171-185). Mercado de Letras.
Cavalcanti, M. C. (2013). Educação linguística na formação de professores de línguas: intercompreensão e práticas translíngues. In L. P. Moita- Lopes (Ed.), Linguística aplicada na modernidade recente: festschrift para Antonieta Celani (pp. 211-226). São Paulo: Parábola.
Cavalcanti, M. C., & Maher, T. J. M. (2009). O índio, a leitura e a escrita: o que está em jogo? Campinas: Unicamp.
Cavalcanti, M. C., & Maher, T. J. M., Eds. (2018). Multilingual Brazil: Language resources, identities and ideologies in a globalized world. New York: Routledge.
Cavalcanti, M. C., & Silva, I. R. (2016). Transidiomatic practices in a deaf-hearing scenario and language ideologies. Revista da ANPOLL, 1(40), 33-45. https://doi.org/10.18309/anp.v1i40.1013.
César, A. L., & Cavalcanti, M. C. (2007). Do singular para o multifacetado: o conceito de língua como caleidoscópio. In M. C. Cavalcanti & S. M. Bortoni-Ricardo (Eds.), Transculturalidade, linguagem e educação (pp. 45-66). Campinas: Mercado das Letras.
César, A. L., & Lima, N. (2009). Diversidade étnico-racial e cultura negra na escola. Campinas: Unicamp.
Erickson, F. (1987). Transformation and school success: the politics and culture of educational achievement. Anthropology and Education Quarterly, 18(4), 335-356. https://doi.org/10.1525/ aeq.1987.18.4.04x0023w.
Erickson, F. (1989). Métodos cualitativos de investigación sobre la enseñanza. In M. C. Wittrock (Ed.), La investigación de la enseñanza II: métodos cualitativos y de observación (pp. 203-247). Paidós.
Favorito, W., & Silva, I. R. (2019). A construção de projetos de educação bilíngue de surdos: travessias em comum em percursos singulares. In R. M. Souza (Ed.), História da emergência do campo das pesquisas em educação bilíngue de/para surdos e dos estudos linguísticos da Libras no Brasil: contribuições do Grupo de Trabalho Lingua(gem) e Surdez da Anpoll (pp. 187-211).: CRV.
Fernandes, S., & Moreira, L. C. (2014). Políticas de educação bilíngue para surdos: o contexto brasileiro. Educar em Revista, 2, 51-69. https:// doi.org/10.1590/0104-4060.37014.
Foucault, M. (1996). A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Loyola.
Garcia, O., & Wei, L. (2014). Translanguaging: language, bilingualism and education. Palgrave.
Gesser, A. (2006). “Um olho no professor surdo e outro na caneta”: ouvintes aprendendo a Língua Brasileira de Sinais [tese de doutorado]. Universidade Estadual de Campinas.
Gomes, N. L. (2012). Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos. Currículos sem Fronteiras, 12(1), 98-109. http://www. curriculosemfronteiras.org/vol12iss1articles/gomes.pdf.
Hall, S. O. (1997). Identidades culturais na pós-modernidade. DP&A. Kumada, K. M. O. (2012). “No começo ele não tem língua nenhuma, ele não fala, ele não tem LIBRAS, né?”: representações sobre línguas de sinais caseiras [dissertação de mestrado]. Universidade Estadual
de Campinas.
Maher, T. J. M. (2007). Do casulo ao movimento: a suspensão das certezas
na educação bilíngue e intercultural. In M. C. Cavalcanti & S. M. Bortoni-Ricardo (Eds), Transculturalidade, linguagem e educação (pp. 67-94). Mercado das Letras.
Maher, T. J. M. (2013). Ecos de resistência: políticas linguísticas e línguas minoritárias no Brasil. In C. Nicolaides, K. A. Silva, R. Tílio & C. H. Rocha (Eds.), Política e políticas linguísticas (pp. 117-134). Pontes.
Maldonado-Torres, N. (2008). La descolonización y el giro des-colonial. Tabula Rasa, 9, 61-72. https://revistas.unicolmayor.edu.co/index.php/ tabularasa/article/view/1502.
Martin-Jones, M., & Romaine, S. (1986). Semilingualism: a half-baked theory of communicative competence. Applied Linguistics, 7(1), 26- 38. https://doi.org/10.1093/applin/7.1.26.
Moita-Lopes, L. P. (2006). Uma linguística aplicada mestiça e ideológica: interrogando o campo como linguista aplicado. In L. P. Moita- Lopes (Ed.), Por uma linguística aplicada indisciplinar (pp. 13-44). Parábola.
Ortiz Ocaña, A. (2017). Decolonizar la educación: pedagogía, currículo y didáctica decoloniales. Academia Española.
Ortiz Ocaña, A., Arias López, M. I., & Pedrozo Conedo, Z. E. (2018).
Decolonialidad de la educación: emergencia/urgencia de una
pedagogía decolonial. Editorial Unimagdalena.
Peters, M. (2000). Pós-estruturalismo e filosofia da diferença: uma
introdução. Autêntica.
Rojo, R., & Moura, E. (2019). Letramentos, mídias, linguagens. Parábola. Rymes, B. (2014). Communicating repertoire. In C. Leung & B. V. Street
(Eds.), Routledge companion to English language studies. Routledge. Santos, B. S. (2005). Desigualdad, exclusión y globalización: hacia la construcción multicultural de la igualdad y la diferencia. Revista de
Interculturalidad, 1(1), 9-44.
Silva, I. R. (2008). Quando ele fica bravo, o português sai direitinho;
fora disso a gente não entende nada: contexto multilíngue da surdez e o reconhecimento das línguas no seu entorno. Trabalhos em Linguística Aplicada, 47(2), 393-407. https://doi.org/10.1590/S0103- 18132008000200008.
Silva, I. R., & Favorito, W. (2009). Surdos na escola: letramento e bilinguismo. Unicamp.
Silva, I. R., & Pires-Santos, M. E. (2017). Línguas negadas: repertórios linguísticos e práticas translíngues de alunos surdos. In C. H. Rocha, M. S. El Kadro & J. A. Windle (Eds.), Diálogos sobre tecnologia educacional: educação linguística, mobilidade e práticas translíngues (pp. 269-301). Pontes.
Silva, R. C. (2013). Intercompreensão entre línguas românicas: contextos, perspectivas e desafios. Revista Italianística, 26, 92-103. https://doi. org/10.11606/issn.2238-8281.v2i26p91-103.
Skliar, C. (1999). A localização política da educação bilíngue para surdos. In C. Skliar (Org.), Atualidade da educação bilíngue para surdos: processos e projetos pedagógicos (pp. 7-14). Mediação.
Souza, L. M. T. M. (2007). CMC, hibridismos e tradução cultural: reflexões. Trabalhos em Linguística Aplicada, 46(1), 9-17.