As fronteiras do enunciado concreto: Limite Desaparecendo/Limite Desaparecido?
DOI:
https://doi.org/10.1590/1678-460X202339458582Palavras-chave:
Enunciado concreto, Limites enunciativos, Projeto discursivo, Cildo MeirelesResumo
A partir de uma perspectiva dialógica, este artigo se volta a um enunciado ligado à atividade estética visando investigar a relevância do projeto discursivo do autor no estabelecimento de fronteiras enunciativas. Analisamos Elemento Desaparecendo/Elemento Desaparecido (passado iminente) (2002), obra elaborada por Cildo Meireles para a mostra de arte Documenta 11, como enunciado concreto responsivo ao contexto seu contemporâneo. Para o público geral, a intervenção consistia na venda de picolés de água por Kassel, local da mostra; mas, considerando outros enunciados dessa cadeia discursiva, pode-se constatar que as fronteiras enunciativas absolutas da obra vão além da ação de compra-venda dos picolés. Através de reflexões engendradas por Bakhtin e o Círculo, implicando alternância de sujeitos e conclusibilidade específica do enunciado, pode-se considerar que o projeto discursivo do autor é fundamental para o estabelecimento de fronteiras enunciativas, sendo necessário compreender esse “querer dizer” para identificá-las apropriadamente. Assim, delimita-se as fronteiras inicial e final absolutas do enunciado concreto da obra e conclui-se que, neste caso, tais fronteiras se revelam mais dilatadas do que suporia um público geral da mostra.
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