A relação afetiva com a Matemática
o caso de egressos do ensino médio de uma comunidade quilombola no interior do Ceará
DOI:
https://doi.org/10.23925/2358-4122.68347Palavras-chave:
Relações afetivas, Matemática, Comunidade Quilombola, AprendizagemResumo
O presente trabalho tem por objetivo investigar como o ensino de Matemática afetou estudantes de uma comunidade quilombola cearense, que concluíram o Ensino Médio entre os anos de 2019 e 2021. Compreendemos que os discentes quilombolas trazem consigo anseios e necessidades próprias, que devem ser considerados no processo de ensino matemático, de modo a propiciar um ambiente mais profícuo a aprendizagem, que envolva os educandos em um processo construtivo e explicite a Matemática como uma ciência presente e atuante em nosso contexto escolar, social e pessoal. Nesse ínterim, observamos a importância da dimensão afetiva no ambiente escolar, aplicado ao ensino da Matemática, vivenciado por ex-alunos. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de caráter qualitativo, cujos dados foram produzidos a partir da técnica do grupo focal. Um diário de campo foi utilizado como instrumento auxiliar, para anotações referentes ao comportamento dos sujeitos, bem como seus comentários e reações acerca do momento realizado. De modo complementar, foi elaborado um roteiro com 10 perguntas, no intento de perceber como o ensino de Matemática afetou estudantes oriundos da referida comunidade quilombola. Para auxiliar em questões atinentes a interpretação e análise, o momento foi gravado, com autorização dos sujeitos, para uma averiguação mais minuciosa da ação, preservando o sigilo e anonimato dos participantes. As opiniões dos estudantes mostram que nos diferentes momentos das aulas de Matemática, seja nas explicações, nas dinâmicas em equipes, nas interações professor-aluno e/ou apenas entre colegas, sentimentos como confiança e nervosismo impactam na forma como o conhecimento é apreendido. Os fatores presentes nas relações afetivas se ligam a disciplina fazendo com que cada indivíduo de uma maneira singular desenvolva seu conhecimento e seu modo de ver a Matemática. Assim, o ensino da disciplina amplia não apenas os conhecimentos prévios dos alunos, mas integra as relações da área com novas situações, nas quais a afetividade pode auxiliar na compreensão. Esta pesquisa indica que as relações afetivas que aparecem no processo de aprendizagem contribuem para a aprendizagem de Matemática e, de modo complementar, podem influenciar o comportamento dos discentes em sala de aula.
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