Fronteiraz 31

2023-02-22

Literatura, tensões sociais e políticas e educação para as relações étnico-raciais

Editores convidados:

Profa. Dra. Ana Lúcia Souza [UFBA (BA) - Instituto de Letras]
Profa. Dra. Sueli da Silva Saraiva [UNILAB (CE) - Instituto de Linguagens e Literatura]
Prof. Dr. Maurício Silva [PUC (SP) - Programa Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária]

 

Nas últimas décadas, a produção literária tem assistido a processos amplos de tensionamento e contestação, por meio dos quais se busca colocar em suspeição conceitos e fenômenos mais ou menos consolidados pela teoria, pela crítica e pela historiografia literárias. Tais processos acabam por resultar na manifestação de vozes literárias que se constituem a partir das diferenças, num discurso que, ao se colocar como antagônico ao “centro”, rompe, no caso do Brasil, com a conciliação e com a linearidade totalizadora e unificadora da ideia de nação, como demonstra Paulo Patrocínio (2013), ou confronta a perspectiva do contraste/síntese, que tem caracterizado o percurso da produção literária brasileira, como quer Edimilson Pereira (2022). Assim, tensionar o cânone e afrontar a história da literatura, desconstruir a teoria e interrogar a crítica, rasurar os conceitos e promover a ruptura de fronteiras, além de buscar construir novas epistemes são ações que – no domínio da literatura – tem produzido inúmeros e promissores resultados, sobretudo para um país que se quer diverso e plural. Evidentemente, tais ocorrências surgem num contexto de resistência e enfrentamento de tensões étnicas e afirmações identitárias que marcam as relações sociais em todo o mundo, com especial repercussão na América Latina e no Brasil. Pensando nesse contexto, propomos um dossiê que – ao considerar processos de criação literária forjados em contextos de crise e violência (GUINZBURG, 2012) – discuta a relação entre a literatura, tensões sociais e políticas da contemporaneidade e a educação para as relações étnico-raciais, num diálogo que perpassa abordagens tão variadas e controversas quanto a produção de literatura africana em língua portuguesa e sua repercussão/recepção no Brasil, a constituição de uma literatura negra (EVARISTO, 2009) e uma literatura afro-brasileira/negro-brasileira (CUTI, 2014), a utilização da literatura como dispositivo voltado a práticas pedagógicas antirracistas ou a produção de teorias contra-hegemônicas que sustentem um fazer literário fronteiriço. Esta proposta permite a recepção de trabalhos que versem sobre uma gama extensa de temas, conceitos e análises literárias, tais como a literatura de autoria negra no Brasil; o diálogo entre a literatura brasileira e as literaturas africanas lusófonas; novas dinâmicas de produção, recepção e divulgação literárias na atualidade; sistemas literários historicamente marginalizados (literatura periférica, literatura indígena, literatura LGBTQIA+ etc.) e suas relações com processos e contextos discriminatórios; produção literária infantil e juvenil direta ou indiretamente vinculada à promoção das relações ético-raciais; literatura e minorias étnicas e/ou de gênero; vozes negras e vozes femininas (SOUZA, 2017) na produção literária brasileira e estrangeira; interface entre literatura e educação para as relações étnico-raciais; constructos críticos e teóricos disruptivos e muitas outras abordagens que, direta ou indiretamente, discorram sobre a proposta do dossiê.

 

Prazo para submissão de artigos: até 10 de julho de 2023.

Lembramos que as seções de “Ensaios” e de “Resenhas” têm fluxo contínuo, independentemente da temática em pauta para a seção de “Artigos”. Para mais detalhes, consultar as normas de edição em “Diretrizes para autores” no endereço http://revistas.pucsp.br/fronteiraz