Metapoética em Com os meus olhos de cão, de Hilda Hist: transcendência como experiência poética-filosófica
Palavras-chave:
Metapoética, Originalidade, Experiência Literária, Romantismo, Hilda HilstResumo
O presente artigo apresenta uma leitura do tema da transcendência em Com meus olhos de cão, de Hilda Hilst, entendendo-a como um exemplo da configuração metapoética da obra da autora. Tal leitura se baseia na interpretação de Agamben da transcendência enquanto um experimentum linguae, ou seja, uma experiência poética com a linguagem. Assim, pretende-se mostrar de que forma o personagem Amós Kéres, poeta e matemático, simboliza a figura do escritor romântico em busca da originalidade de sua escrita. Narrando o embate de Amós com a experiência de um profundo tédio existencial – em diálogo com o Fausto, de Goethe – Hilda Hilst apresenta o processo de criação (poiésis) como uma experiência formalmente idêntica à do filósofo diante do nada.