O fim do homem soviético, de Svetlana Aleksiévitch: considerações sobre a literatura, o testemunho e a memória
DOI:
https://doi.org/10.23925/1983-4373.2018i21p232-246Palavras-chave:
Literatura comparada, Literatura de testemunho, Literatura e memóriaResumo
Svetlana Aleksiévitch tem se destacado, mundialmente, pela composição de obras que se distanciam dos paradigmas tradicionais de representação literária por meio do recurso expressivo de exposição de vozes que pleiteiam a condição de testemunhas de um evento traumático. De fato, é pela revelação de vários relatos pessoais, em uma oralidade intensa, que as testemunhas se convertem em personagens e narradoras de um mosaico polifônico, no qual cada fragmento representa uma voz que tenta não ser esquecida, conferindo o tom memorialista às narrativas. Diante disso, propomos uma análise de O fim do homem soviético em termos formais e de conteúdo, sobremodo a partir de teóricos como Bakhtin e Benjamin, de maneira a nos aproximarmos das posições axiológicas contidas na obra. A partir dos resultados obtidos, avaliamos que as estratégias literárias empreendidas pela autora potencializam a complexidade histórica relativa ao desmembramento da União Soviética, alargando, pelos caminhos do testemunho e da memória, os limites da própria literatura.