Diálogos intertextuais de Clarice Lispector: o caso de “A Bela e a Fera” e as duas pontas da existência
DOI:
https://doi.org/10.23925/1983-4373.2019i23p104-123Palavras-chave:
Clarice Lispector, “A Bela e a Fera”, Intertextualidade, Literatura Brasileira século XXResumo
Este artigo desenvolve uma análise intertextual do conto “A Bela e a Fera ou a ferida grande demais” (1977), de Clarice Lispector (1920-1977), com a finalidade de destacar, para além do diálogo com o conto de fadas explicitado no título, a presença de outras narrativas dessa categoria como Cinderela e A Bela Adormecida; e de narrativas mais antigas ainda: O Nascimento de Eros (Platão), Eros e Psique (Apuleio) e o mito de Narciso. A hipótese que o trabalho sustenta é a de que a intertextualidade do conto em questão remete-nos à especial circunstância em que Clarice produziu a narrativa: o agravamento de sua doença e a proximidade de sua morte, fatos que fazem do conto uma espécie de balanço existencial conciso da escritora que agrega, de modo mais evidente, à tradicional perspectiva existencial de sua escrita, a dimensão social que também emerge em A Hora da Estrela (1977).