A jangada de pedra: entre o (neo)fantástico e o alegórico
DOI:
https://doi.org/10.23925/1983-4373.2020i24p199-209Palavras-chave:
Saramago, literatura portuguesa, fantástico, neofantástico, alegoriaResumo
O desgarramento da Península Ibérica em relação ao restante da Europa, apresentado pelo escritor português José Saramago no romance A jangada de pedra, pode parecer ao leitor uma história fantástica. Entretanto, sua publicação justamente quando Portugal e Espanha ingressavam na então Comunidade Europeia permite a leitura da obra como alegoria – o que, segundo as teorias de Tzvetan Todorov, eliminaria a classificação de fantástico. Utilizando-se, porém, a lente do neofantástico tal como proposto por Jaime Alazraki, é possível admitir o enquadramento do livro nesse gênero. Com o afastamento temporal de mais de três décadas e a consciência de que nem todos os leitores carregam o conhecimento do contexto em que a obra foi escrita, este artigo propõe que as duas leituras de A jangada de pedra são admissíveis: a (neo)fantástica e a alegórica.