A soturna narrativa do velho Eulálio em Leite Derramado
DOI:
https://doi.org/10.23925/1983-4373.2023i31p161-181Palavras-chave:
Chico Buarque, Leite Derramado, Ambiguidade discursiva, Anatomia, MelancoliaResumo
O artigo tem como objetivo refletir acerca dos pressupostos que compõem o ideário melancólico do narrador Eulálio d’Assumpção, em Leite Derramado (2009), de Chico Buarque, cuja decadência norteia a percepção do passado e faz com que o ponto de vista seja articulado entre o sarcasmo e a impossibilidade de modificar sua existência. Nesse sentido, a narrativa é construída por camadas discursivas ambivalentes, que evidenciam um esvaziamento do sentido de tradição para o narrador, a perda de identidade, com o advento da modernidade na qual ele não se reconhece, e do controle que exerce sobre a mulher, Matilde, objeto irrecuperável do aristocrata. Para isso, a leitura aqui realizada tem como mediação alguns tópicos teóricos sobre a melancolia, como os estudos de Freud (2010) e de Giorgio Agamben (2007), e os pressupostos sobre anatomia de Northrop Frye (2013). Por meio de um discurso ininterrupto e vertiginoso, Eulálio tenta atualizar o seu passado, transportando-o imaginariamente ao presente pelo recurso da narração.
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