Em nome do pai, do filho e da mãe

a tormenta materna em Morra, Amor, de Ariana Harwicz

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1983-4373.2024i33p181-196

Palavras-chave:

Narrativa contemporânea, Maternidade, Família, Drama burguês, Literatura argentina

Resumo

No livro Morra, amor (2019), da escritora argentina Ariana Harwicz, nos deparamos com um relato marcado por sentimentos sombrios sobre a maternidade. Assim, o livro navega na corrente contrária a narrativas que enaltecem e edulcoram a família. Elegemos três momentos significativos para propor uma leitura do livro de Harwicz, destacando seus momentos de choque e contraste com narrativas familiares anteriores. Um percurso que se inicia com o nascimento do drama familiar, na peça O filho natural, de Diderot, colocando a família como núcleo da virtude e dos bons sentimentos; passa pela desconfiança sobre a paternidade, em O pai, de Strindberg, com o lar como lugar de crise, e chega, enfim, a Morra, amor, que narra os interditos sobre a maternidade. Destacamos, dessa maneira, como o livro se apresenta como um contraste radical à fábula da harmonia familiar, expressando o que ficou sufocado por certa tradição.

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Biografia do Autor

Ricardo Tiezzi, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC SP

Professor, escritor e roteirista de televisão e cinema. Doutorando em Literatura e Crítica Literária e Mestre em Ciências da Religião pela PUC-SP, com o projeto "Anatomia do Anticristo: narrativa arquetípica no filme de Lars Von Trier". Professor do curso de Cinema na Fundação Armando Álvares Penteado - FAAP. Professor de narrativa audiovisual na Roteiraria. Graduação em Comunicação pela PUC-SP. Especialista em História da Arte pela FAAP, com a monografia "A Poética dos Escritores: reflexões sobre a arte literária nos contos de Cortázar e Tchekhov". Criador da série de televisão Santo Maldito, no canal Star+. Roteirista e consultor de séries de televisão para canais de streaming, tv aberta e tv fechada. Roteirista dos longas-metragens O outro lado do paraíso, Superpai e Qualquer gato vira lata. Autor dos livros Objetos na Penumbra, O Sorriso da Morte e O Primo de Deus. Membro do Grupo de Pesquisa "Categorias da Narrativa", inscrito no Diretório do Grupo de Pesquisas do Brasil/CNPq, desde 2022. Bolsista CNPq no âmbito do Projeto de Programas Engajados (PPE).

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Publicado

2024-12-20

Como Citar

Tiezzi, R. (2024). Em nome do pai, do filho e da mãe: a tormenta materna em Morra, Amor, de Ariana Harwicz. FronteiraZ. Revista Do Programa De Estudos Pós-Graduados Em Literatura E Crítica Literária, (33), 181–196. https://doi.org/10.23925/1983-4373.2024i33p181-196