Das negações à imagem às afirmações de si

Das arestas entre auto/biografias/ficções como gesto reflexivo em Isto não é um filme

Autores

Palavras-chave:

Autobiografia, Autoficção, Reflexividade, Isto não é um filme, Jafar Panahi e Mojtaba Mirtahmasb

Resumo

Dirigido por Jafar Panahi e Mojtaba Mirtahmasb, Isto não é um filme (2011) é uma obra produzida inteiramente em um apartamento e retrata um dia na vida de Panahi enquanto cumpre prisão domiciliar sentenciada pelo governo iraniano. O cineasta dilui as fronteiras entre documentário e ficção ao interpretar uma versão de si a partir das limitações estéticas impostas por uma condição de censura e negação à imagem. Nesse movimento, ele coloca a própria subjetividade em um jogo que combina a reflexividade do “novo cinema iraniano” (MELEIRO, 2008; SADR, 2006; TAPPER, 2006) com um gesto de insurgência política contra seus repressores. Neste artigo, analisa-se como as dimensões de subjetividade (TAYLOR, 1997; ROLNIK, 2018) e reflexividade (GIDDENS, 2002; RUBY, 1996) e dos atos autobiográfico (LEJEUNE, 2014; LANE, 2002) autoficcional (DOUBROVSKY, 1977; COLONNA, 2004) se atravessam e se confrontam nesse filme. Com base na análise, busca-se compreender como a escrita de si, nesse filme, tensiona realidades e ficções, corpo e imagem, nega- ções e afirmações em torno da imagem, do si e da imagem de si.

Biografia do Autor

Márcio Henrique Melo de Andrade, Pesquisador Independente

Doutor em Comunicação (PPGCOM/UERJ)

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2022-05-19

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