Convivialidade cultural e xenofobia no contexto de migrantes do Brasil em Portugal

análise a partir de notícia jornalística

Autores

Palavras-chave:

convivialidade, xenofobia, migração, jornalismo

Resumo

A xenofobia é uma expressão de ódio que nega a alteridade tomando como pressuposto a superioridade de uma nacionalidade sobre outra, manifestada em situações de convivialidade cultural. Com base na notícia “Presença de brasileiros provoca paixão e ódio em Portugal”, publicada em um site do Brasil, buscamos perceber como a perspectiva da convivialidade cultural possibilita identificar xenofobia no contexto das relações que envolvem migrantes brasileiros e pessoas portuguesas. Nos últimos anos, o número de brasileiros que migram para Portugal tem apresentado aumentos substanciais, com distribuição por todo o território português. Em consonância com Padilla e Azevedo (2012), com acréscimos críticos de Costa (2019) e Gilroy (2006), cremos que a noção de convivialidade cultural permite identificar, por meio das relações cotidianas, conflitos, convergências e demais dinâmicas que envolvem viver em contextos de migração.

Biografia do Autor

Carlos Alberto Carvalho, Universidade Federal de Minas Gerais

Professor associado do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais, na graduação e no programa de pós-graduação. Graduado em Comunicação Social - Jornalismo - pela Universidade Federal de Minas Gerais (1990), mestre (2000) e doutor (2010) em Comunicação Social pela mesma Instituição. Pós-doutorado realizado na Universidade do Minho, Portugal, com bolsa Capes (Processo: CAPES/FCT n 9680/14-4 ). Professor visitante sênior no exterior na Universidade do Minho, Portugal, com bolsa Capes/Print (Processo Processo: PRINT - PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INTERNACIONALIZAÇÃO -88887.716881/2022-00 ). Atualmente é pesquisador em projetos vinculados ao Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais e ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UFMG, sobre coberturas jornalísticas relativas ao HIV, Aids e homofobia, com financiamentos do CNPq e da Fapemig, e projeto de pesquisa sobre violências contra mulheres (em crimes tipificados como de proximidade), com financiamentos da Fapemig e do CNPq. Desenvolve, ainda, pesquisas sobre divulgação científica. É o coordenador do Insurgente: Grupo de Pesquisa em Comunicação, Redes Textuais e Relações de Poder/Saber. As pesquisas em desenvolvimento articulam, a partir de produtos e processos midiáticos, conceitos como narrativa, acontecimento, divulgação científica, enquadramento, homofobia, colonialidades, violência e relações de gênero. Além de artigos em periódicos, capítulos de livros e livros organizados, no Brasil e no exterior, é autor dos livros Visibilidades mediadas nas narrativas jornalísticas: a cobertura da Aids pela Folha de S.Paulo de 1983 a 1987 (2009), Jornalismo, homofobia e relações de gênero (2012) e O jornalismo, ator social colonizado e colonizador (2023). Bolsista Produtividade CNPq - PQ 2.

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Publicado

2024-10-29

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Artigos | Articles