A monstruosidade na Literatura de Cordel
fronteira e semiosfera nos sertões brasileiros
Palavras-chave:
Literatura de Cordel, monstruosidade, semiosfera, fronteira, traduçãoResumo
Monstros e criaturas monstruosas esgueiram-se pelas brechas das narrativas míticas e sagradas e desaguam em filmes, séries de TV, jogos eletrônicos, quadrinhos e romances. No cordel brasileiro, monstros aterrorizam suas vítimas e antagonizam com os heróis. Esses encontros ocorrem em localidades ermas, periféricas, como florestas inóspitas, casas abandonadas e terras além-mar — o que está além dos limites geográficos, das bordas do
possível. De etimologia e significados imprecisos, o sertão é abertura para a inventividade e imprevisibilidade. Mais que um território contíguo que compartilha características socioeconômicas, climáticas, geográficas e culturais, essa periferia sertaneja tem aspectos simbólicos e, como fronteira, se contrapõe a valores como o moderno, o sofisticado e o seguro. O presente artigo analisa a presença de monstros na Literatura de Cordel. Para tanto, são abordados os conceitos de fronteira, tradução e semiosfera, conforme o pensamento de Iuri Lotman (1990). Ambíguo, o território sertanejo remete tanto às regiões áridas do interior no nordeste brasileiro, assolado pela estiagem e pela miséria, quanto aos espaços imaginários da literatura, habitado por seres fantásticos e monstros errantes.
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