A estética do drama seriado complexo e a emergência da anti-heroína

uma análise estilística de Irmandade (Netflix, 2019-)

Autores

Palavras-chave:

drama seriado complexo, anti-heroína, Irmandade

Resumo

Neste texto, propomos uma análise estilística do seriado Irmandade (Netflix, 2019-) a fim de evidenciar inovações importantes no cenário nacional de produção de ficção seriada para plataformas de streaming com base em dois objetivos: no primeiro, buscamos estabelecer o seriado como uma espécie do subgênero drama seriado complexo, de acordo com características apresentadas por Dunleavy (2009). No segundo, exploramos a trajetória da protagonista até a posição de líder da Irmandade. A adoção do estilo de segundo grau revelou que seriados complexos requerem maior atenção e engajamento por parte do telespectador, bem como permitiu a figuração da subjetividade da protagonista enquanto uma teia de sentimentos que costuraram os altos e baixos de sua jornada até a completa transição que a transforma em anti-heroína da história.

Biografia do Autor

Simone Maria Rocha, Universidade Federal de Minas Gerais

Professora titular da Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG. Líder do Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura em Televisualidades/COMCULT. Pesquisadora do CNPq/Brasil.

Mariana de Almeida Ferreira, Universidad de La Sabana

Residente de Pós-Doutorado na Universidad de La Sabana com bolsa CNPq/Brasil. Doutora em Comunicação Social pela UFMG. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura em Televisualidades. 

Gabriela Arcas Vieira, Universidade Federal de Minas Gerais

Estudante de mestrado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).  Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Comunicação e Cultura em Televisualidades/COMCULT.

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Produtos artísticos e midiáticos

IRMANDADE. Criador: Pedro Morelli. Netflix. Brasil, 2019. Seriado.

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Publicado

2024-12-28

Edição

Seção

Artigos | Articles