Baby Girl
Amarras do desejo
DOI:
https://doi.org/10.23925/lf.v17i1.70587Palavras-chave:
Baby Girl, cinema e psicanálise, bondage.Resumo
O filme Baby Girl explora, por meio de suas dinâmicas de personagens e suas relações, temas psicanalíticos centrais como desejo, compulsão à repetição, e as tensões entre dominação e submissão. A partir de uma perspectiva psicanalítica, é possível observar como o conceito de bondage - tanto físico quanto simbólico - é utilizado para representar as amarras psicológicas e emocionais que aprisionam os protagonistas. O uso do bondage no filme se conecta ao desejo lacaniano em que os personagens buscam incessantemente preencher uma falta que nunca é completamente saciada, refletindo o ciclo constante de desejo insatisfeito que caracteriza a psique humana. O filme reflete as complexas relações entre o sujeito e as normas sociais (superego) que atuam como amarras invisíveis, restringindo as escolhas dos personagens e moldando suas ações. Nesse contexto, Baby Girl pode ser interpretado como uma metáfora para a luta interna do sujeito entre o desejo de liberdade e a necessidade de submissão a uma estrutura mais ampla, seja ela social, familiar ou emocional. Por meio de recursos visuais como enquadramentos claustrofóbicos e o uso de luz e sombra, o filme reforça a sensação de aprisionamento dos personagens. No entanto, momentos de maior liberdade e movimento sugerem a possibilidade de libertação das amarras, convidando o público a refletir sobre os limites entre as estruturas de poder e a autonomia individual. A obra cinematográfica não apenas explora o bondage físico e psicológico, mas também propõe uma reflexão sobre as relações de poder, as compulsões de repetição e as possibilidades de transformação e libertação dos personagens.
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