De volta ao casulo? O descompasso da renovação da antiga ilusão da “democracia racial” perante a crise

Autores

  • Diogo Joaquim dos Santos Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

DOI:

https://doi.org/10.23925/ls.v22i40.46652

Palavras-chave:

multiculturalistas, mito da democracia racial, classe trabalhadora, crise

Resumo

No presente artigo realizamos uma reflexão em torno da forma como os argumentos “multiculturalistas” de interpretação do racismo brasileiro não superam, pelo contrário, confirmam alguns pressupostos centrais do conhecido “mito da democracia racial”. Se a ascensão burguesa na transição abolicionista alicerçava-se em torno dessa estratégia de dominação classista, a renovação de seus argumentos perante a crise atual emerge enquanto produto irracionalista desse contexto. Em meio ao esgotamento evidente das reformas do neoliberalismo no âmbito das alianças e pactos anteriormente abertos e ao crescente estado de respostas da classe trabalhadora aos ataques que sofre, remói-se o deslocamento da luta de classes para a esfera particular da cultura, de modo que esse descompasso ideológico remonta à própria natureza da crise e sua filosofia política decadente.

Biografia do Autor

Diogo Joaquim dos Santos, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Doutorando em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), São Paulo-SP, Brasil. Bolsista CAPES.

Referências

ABRAMIDES, M. B. C. Democracia blindada: como demoli-la? Argumentum, Vitória, vol. 9, n. 2, p. 20-29, 2017.

FREYRE, G. O escravo nos anúncios de jornais brasileiros no século XIX. São Paulo: Global, Ed. digital, 2012.

__________ . Casa-Grande & Senzala. Formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. São Paulo: Global, 2003.

GIANNETTI, E. Trópicos Utópicos. Uma perspectiva brasileira da crise civilizatória. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

HARVEY, D. A condição pós-moderna. Uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Edições Loyola, 2008.

IANNI, O. A questão social. São Paulo: Revista USP, Set, Out e Nov de 1989.

FERNANDES, F. A integração do negro na sociedade de classes. O legado da ―raça branca‖. São Paulo: Dominus Editora, v. 1, 1965.

FERNANDES, F. A revolução burguesa no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.

MAESTRI, M. O marxismo e a questão racial: as cotas. Plenarinho da UFRGS, 2018. Disponível em https://espacoacademico.wordpress.com/2018/01/13/o-marxismo-e-a-questao-racial-as-cotas/. Acesso em 15 Abr. 2018.

MALIK, K. O espelho da raça: o pós-modernismo e a louvação da diferença. In: WOOD, E. M., FOSTER, J.B. (orgs.) Em defesa da história: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

MARX, K. O 18 Brumário de Louis Bonaparte. Edições Avante! 1984. Disponível em https://www.marxists.org/portugues/marx/1852/brumario/cap05.htm. Acesso em 10 dez 2014.

MÉSZÁROS, I. Para além do capital. São Paulo: Boitempo. 2002.

MOURA, C. Cem anos de abolição do escravismo no Brasil – 13 de Maio. Cem anos de abolição. Revista Princípios, São Paulo, n. 15, 1988a.

__________ . Miscigenação e democracia racial: mito e realidade. In: Sociologia do negro brasileiro. São Paulo: Editora Ática, 1988b.

RISÉRIO, A. A utopia brasileira e os movimentos negros. São Paulo: Editora 34, 2012.

Downloads

Publicado

2019-12-28

Como Citar

dos Santos, D. J. (2019). De volta ao casulo? O descompasso da renovação da antiga ilusão da “democracia racial” perante a crise. Lutas Sociais, 22(40), 67–78. https://doi.org/10.23925/ls.v22i40.46652