Sobre o uso da violência na luta anticolonial e no processo de transição socialista: um debate acerca da atuação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) de 1962 a 1989
DOI:
https://doi.org/10.23925/ls.v25i47.61462Resumo
O presente artigo debate a relação entre violência e política em processos que, a despeito de serem distintos, eventualmente podem ser contíguos, a saber: a luta anticolonial e a tentativa de transição socialista. Como estudo de caso, investiga a atuação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) entre os anos de 1962 e 1989. Para isso, o texto primeiramente apresenta uma reflexão a partir de autores que abordaram a relação entre violência e política para, na sequência, discorrer sobre o caso da formação social moçambicana. Assevera-se a necessidade de se compreender a transformação social violenta de modo a avaliar de forma objetiva o papel da violência revolucionária na história. Como resultado, enfatiza a necessidade de se refletir sobre as formas de violência envolvidas no processo de conversão de uma força insurgente em poder constituído. Assim, considera o processo do uso da violência à luz das transformações internas à FRELIMO, das contradições de classe e do contexto geopolítico moçambicano.
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