Carolina Maria de Jesus rompendo o silenciamento das vozes negras - breve leitura interseccional

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/ls.v26i49.62471

Palavras-chave:

Carolina Maria de Jesus; Literatura; Pobreza; Racismo; Interseccionalidade.

Resumo

Considerando a perspectiva elaborada pelo feminismo negro, neste artigo propomos uma leitura interseccional do livro Pedaços da Fome, de Carolina Maria de Jesus, publicado em 1963. O texto original foi intitulado “A Felizarda”, mas criticado pela autora devido a diversas modificações que sofrera a seu contragosto. A autora recorre a vias estratégicas de elaboração narrativa, sobretudo por meio da protagonista branca, recatada e campesina, que passa a viver a pobreza, mas possui concessões distintas nessa nova experiência de classe (e de marginalidade) graças à sua branquitude. Analisamos alguns mecanismos narrativos tecidos pela romancista negra para denunciar o racismo sofrido por ela e do qual sua protagonista, apesar de mulher e agora pobre, está isenta.

Biografia do Autor

Raffaella Fernandez, Universidade Federal da Integração Latino-Americana

Doutora em Teoria e História Literária, com pós-doutorados em Ciência da Literatura e em Cultura Contemporânea. Docente da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, Foz do Iguaçu-PR, Brasil.

Cristiane Viana da Silva Fronza, Universidade Federal do Piauí

Doutora em Letras. Docente da Universidade Federal do Piauí, Teresina-PI, Brasil.

Referências

AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Sueli Carneiro. 2020.

ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural? São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.

ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

ARRUDA, Aline Alves. Carolina Maria de Jesus: Projeto Literário e Edição Crítica de um Romance Inédito. Tese (Doutorado em Estudos Literários) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015.

BENTO, Cida. O pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

BUTLER, Judith. A vida psíquica do poder. Belo Horizonte: Autêntica, 2017. Edição do Kindle.

CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. LOLA Press. Durban, n. 16, 2001.

COLLINS, Patrícia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. São Paulo: Boitempo, 2020.

CORONEL, Luciana Paiva. Escrita e Moradia em Carolina Maria de Jesus e Virgínia Woolf. In: ARRUDA, Aline Alves; BARROCA, Iara Christina Silva; MARRECO, Maria Inês; TOLENTINO, Luana (Org.). Memorialismo e resistência: estudos sobre Carolina Maria de Jesus Maria de Jesus. Jundiaí: Paco Editorial, 2016.

DALCASTAGNÈ, Regina; MATA, Anderson Luís Nunes da. Fora do retrato: estudos de literatura brasileira contemporânea. Vinhedo, Editora: Horizonte, 2012.

DAVIS, Angela. Mulheres, cultura e política. São Paulo: Boitempo, 2017.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano. In: RIO, Flávia; LIMA, Márcia (org.). Por um feminismo afro-latino-americano – Lélia González. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.

JESUS, Carolina Maria de. Pedaços da fome. São Paulo: Áquila, 1963.

NOGUEIRA, Conceição. Interseccionalidade e psicologia feminista. Bahia: Devires, 2017.

SEGATO, Rita. Crítica da colonialidade em oito ensaios: e uma antropologia por demanda. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.

Downloads

Publicado

2022-12-31

Como Citar

Fernandez, R., & Fronza, C. V. da S. (2022). Carolina Maria de Jesus rompendo o silenciamento das vozes negras - breve leitura interseccional. Lutas Sociais, 26(49), 328–343. https://doi.org/10.23925/ls.v26i49.62471