Precários, mas organizados: a estratégia de resistência dos uberizados
DOI:
https://doi.org/10.1590/2236-9996.2024-5906Palavras-chave:
uberization, globalization, unionism, work, platformsResumo
A uberização do trabalho é mais uma etapa no processo de desconfiguração dos pactos sociais conformados no período fordista. A estratégia de construção de “parceiros” possibilita a externalização de custos de capital fixo para uma multidão de trabalhadores precários, como também uma fuga, por parte das empresas, da responsabilidade de garantir os direitos trabalhistas e as seguridades ocupacionais. Diante desse novo terreno de exploração do trabalho, impulsionado por grandes empresas transnacionais que operam para além das limitações nacionais e acumulam em escala global, aqui são apresentadas iniciativas de organização dos uberizados a partir de experiências internacionais e nacionais à luz do conceito de sindicalismo de movimento social.
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