Cardiopatia infantil: implicações na relação entre mãe e filho
Resumo
Os impactos de uma afecção somática grave na infância têm fortes repercussões, tanto na organização psíquica da criança quanto na forma como ela se relaciona com sua mãe. Este trabalho baseia-se na constatação de que a vivência psíquica associada a uma cardiopatia é a de um sofrimento conjunto e intenso da mãe e da criança, organizando um tipo de relação específica entre ambas. Discuto como esta relação, denominada “dupla cardíaca”, pode se constituir como a estratégia de vida possível aos dois sujeitos ante o sofrimento trazido pela patologia cardíaca grave. Analiso como a instalação desse vínculo fusional transitório pode permitir um fortalecimento subjetivo através do compartilhar mútuo do sofrimento, possibilitando que mãe e criança dêem sentido à situação traumática inaugurada pela doença. Esse tipo de vínculo é o que promove a contenção do excesso de carga afetiva ao qual ambos estão expostos ante as angústias desencadeadas pela ameaça da vida da criança. Discuto como a “dupla cardíaca”, enquanto mecanismo relacional, pode ser entendida em sua positividade e em seu caráter criativo e funcional. Representa um tipo de organização subjetivo-relacional que desempenha uma função protetora para a vida psíquica da mãe e da criança, facilitando o enfrentamento da situação extrema de doença, a (re)significação da imagem da criança e a construção de perspectivas futuras.
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