Notas sobre o discurso de ódio e a censura na peça de teatro A menina e sua sombra de menino
DOI:
https://doi.org/10.23925/2594-3871.2021v30i2p309-331Palavras-chave:
Ódio, censura, teatro, psicanálise, culturaResumo
Este artigo objetiva discutir a presença do discurso de ódio e da censura na peça de teatro A menina e sua sombra de menino durante a passagem de sua apresentação pela cidade de Campos Novos/SC, a partir dos pressupostos psicanalíticos de Freud, Lacan e seus contemporâneos. O espetáculo apresenta a história de uma menina que utiliza as brincadeiras para compor o seu mundo e a sua vida subjetiva. No entanto, como há uma diversidade no campo do brincar das crianças, a protagonista se intriga com tamanha variedade e seus usos no tempo peculiar da constituição psíquica. Assim, inevitável foi o encontro com a delimitação preconceituosa na qual impera uma maneira de conceber as brincadeiras consideradas apropriadas às meninas, e, do mesmo modo, as que são apontadas como adequadas aos meninos. Isso torna-se agravante e espantoso na medida em que uma parte da população do mencionado município catarinense manifesta desinformação com ataques virtuais odientos e reprimendas por meio de suas crenças políticas e religiosas com relação à peça. Nesse estudo, apontamos o diálogo em torno da arte na cultura e suas ressonâncias na infância para demonstrar que as crianças se constituem enquanto sujeitos pela singularidade de suas fantasias e de seus desejos.
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