(Re)violências socialmente infligidas a meninos sexualmente abusados por mulheres
DOI:
https://doi.org/10.23925/2594-3871.2021v30i2p332-362Palavras-chave:
Violência sexual contra meninos, mulher ofensora sexual, abuso sexual infantilResumo
No Brasil, foram reportados aproximadamente 776 casos de abuso sexual infantil (ASI) contra crianças e adolescentes do sexo masculino perpetrado por abusadoras femininas entre 2011 e 2017 (Brasil, 2018). Diversos estudos demonstram evidências de um processo particular na experiência do ASI de meninos, que entravam seu processo de revelação, tornando-o altamente subnotificada. Este artigo pretendeu capturar reações ao ASI de meninos quando cometido por mulheres, pela análise de conteúdo de 292 comentários em reportagens de domínio público que noticiaram casos reais dessa violência. Os resultados demonstraram preponderância do não reconhecimento das práticas sexuais entre mulheres adultas e meninos como abuso (81,5%), contendo ataques depreciativos aos jovens, declarações de impossibilidade de vitimização destes, referências positivas à experiência, entre outras que banalizam a questão. Os múltiplos ataques virtuais registrados e a descaracterização dos casos como abusivos sugerem um processo de (re)vitimização socialmente infligida aos meninos sexualmente violentados, acarretando possíveis danos psicológicos secundários e reforçando estigmas e a subnotificação dessa violência.
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