Manifestações não canônicas no Corpus Christi medieval lisboeta em O Monge de Cister, de Alexandre Herculano
DOI:
https://doi.org/10.23925/1677-1222.2023vol23i1a5Palavras-chave:
Alexandre Herculano, O Monge de Cister, Romance histórico, Carnaval, Corpus Christi, ProcissãoResumo
Alexandre Herculano (1810-1877), escritor e historiador português, é conhecido como o introdutor do romance histórico em língua portuguesa, sendo que tal forma romanesca já era muito cultivada, por exemplo, em França e Inglaterra. O autor teve a preocupação com a pormenorização de dados históricos e descrições de conjuntos arquitetônicos, ritos e indumentárias para melhor ambientar as suas narrativas no passado. Contudo, essas descrições também eram maneiras de refletir acerca do tempo presente de suas publicações, bem como sobre o futuro de Portugal. Analisamos, neste estudo, alguns excertos da procissão medieval de Corpus Christi, descrita em “O Monge de Cister ou a época de D. João I” (1848), romance ambientado no século XIV. Verificamos como são representadas as manifestações populares em um cortejo de uma festa oficial do calendário litúrgico católico a fim de compreender o porquê de o narrador se demorar tanto em pormenorizações de um préstito – em uma longa digressão narrativa – e qual a relação desse relato com o período de publicação. Para tanto, dialogamos, sobretudo, com os trabalhos de José Mattoso (1993), Mikhail Bakhtin (2010), Peter Burke (2013) e Rui Ferreira (2017).
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