Entre o curismo e o turismo
A constituição de um pensamento médico-científico sobre as águas termais nas Estâncias Hidrominerais Paulistas (1930-1940)
DOI:
https://doi.org/10.23925/2176-2767.2022v75p195-220Palabras clave:
águas termais, estâncias hidrominerais, saberes médico-científicos, história da ciênciaResumen
Serra Negra e Águas de Lindoia foram importantes estâncias hidrominerais paulistas. No período entre 1930 e 1940, foram objeto de intervenção de um pensamento medico-cientifico que operou conceitos sobre as propriedades curativas das águas e as desenhou como lugares de cura. Autoridades procuravam afastá-las do nascente turismo cujas finalidades, próximas dos divertimentos, não se vinculavam a este ideário. Entre turismo e curismo, esse artigo examina a construção de um pensamento médico-científico sobre águas termais e sua legitimação no campo da saúde. Embora tais estâncias expressassem noções formuladas por este pensamento, é inegável a importância do turismo no seu sucesso.
Citas
A FONTE DE AGUAS THERMAES RADIO-ACTIVAS DE LYNDOIA: Conferencia feita pelo dr. Francisco Tozzi na Sociedade de Medicina e Cirurgia de S. Paulo. Jornal a Nação, São Paulo, 19 jul 1915, n. 47.
A SRA. CURIE em São Paulo. Jornal Correio Paulistano, São Paulo, 14 ago 1926.
ALMEIDA, S. V. As principais águas minerais do Brasil (histórico e indicações). In: Associação Paulista de Medicina, 1943, São Paulo. Anais...São Paulo: Gráfica Cruzeiro do Sul, p. 1-77.
BOURROUL, C. Águas radio-activas de Lindoya. Conferência realizada pelo Dr. Celestino Bourroul, na sociedade de medicina e cirurgia em 22 de abril de 1920. Mogy-Mirim: Casa Cardona, 1929.
BRANDÃO, M. S. Termoclimatimo social. In: I Congresso Brasileiro de hidroclimatismo, 1937, Poços de Caldas. Anais... p 31-45.
CAMPOS E SILVA, J. P. Guia Histórico de Águas de Lindóia. Campinas: Editora Átomo, 2005.
CORREIA NETTO, O. As aguas thermaes brasileiras na pratica da hidrologia medica. Poços de Caldas. s/e, 1916.
CREDÍDIO, B. As águas de Lindoya e as moléstias alérgicas. In: Annaes paulistas de medicina e cirurgia, 1948, São Paulo. Anais... p. 26-47.
DALBEN, A.; SOARES, C. L. Brincadeiras ao sol: a Colônia Marítima Infantil Álvaro Guião (Santos, 1939-1942). Humanidades & Inovação, v. 8, p. 94-110, 2021.
DALLARI, N. Sob o céu azul da estância de Serra Negra. Serra Negra: Editora Artes Gráficas “O Serrano”. 1966.
FRANCO, A. C. Os primeiros registros do uso de águas termais e a formação de estâncias hidrominerais no Brasil. Caderno de Naturologia e Terapias Complementares, v.3, n.5, 2014, p.29-40.
HASSE, M. O divertimento do corpo: corpo, lazer e desporto na transição do séc. XIX para o XX, em Portugal. Lisboa: Ed. Temática, 1999.
HELLMANN, F.; DRAGO, L.C. Termalismo e crenoterapia: potencialidades e desafios para a saúde coletiva no Brasil. Journal of Management and Primary Health Care, v.8, n.2, 2017, p. 309-321.
LIMA, G. T. N. O natural e o construído: a estação balneária de Araxá nos anos 1920-1940. Revista Brasileira de História, São Paulo, v.26, n.51, 2006, p. 227-250.
LINDOYA: a estação climática que é um manancial de esperanças e de energias no embate do bem contra o mal. A comarca, Mogy-Mirim, 30 mai 1935, n.3769.
LOBO, J. B. Ocorrência de radiothoro nas Águas de Lindóia. Sociedade Brasileira de Bio-Física, 1936, Rio de Janeiro. Anais... 1936.
LOMBARDI, A. Almanak de Serra Negra. Serra Negra: Typographia D’O Serrano, 1913.
LOPES, R. S. Águas mineraes do Brasil. In: II Congresso Nacional de hidro climatismo, 1943, Poços de Caldas. Anais... p. 13-51.
MARRAS, S. A propósito de águas virtuosas: formação e ocorrências de uma estação balneária no Brasil. Belo Horizonte, MG: Editora da UFMG, 2004.
MARRICHI, J. M. O. A cidade termal: ciência das águas e sociabilidade moderna entre 1839 a 1931. Mestrado, IFCH – Unicamp, Campinas, Brasil, 2009. 157 p.
MARRICHI, J.M. A cidade termal: ciência das águas e sociabilidade moderna entre 1839 e 1931. São Paulo: Annablume, 2015. v. 1. 222p.
MATTOS FILHO, B. Estações climatéricas de Sâo Paulo (Campos do Jordão, Prata, Lindoya, etc). São Paulo: Secretaria da agricultura, indústria e comercio do Estado de São Paulo, Diretoria de Publicidade, 1928.
MEDEIROS, D.C.C. Entre esportes, divertimentos e competições: a cultura física nos rios Tietê e Pinheiros (São Paulo, 1899-1949). Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2021.
MEDEIROS, D.C.C. Viagens às estâncias hidrominerais de São Paulo: cura, regeneração, divertimento e educação do corpo nas décadas de 1930 e 1940. 2016. 143p. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação, Campinas, SP. 2016.
MEDEIROS, D.C.C.; SOARES, C.L. Entre a cura e o divertimento: as viagens de férias junto à natureza em estâncias hidrominerais (1930-1940). Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 38, p. 213-219, 2016.
MEDEIROS, D.C.C.; SOARES, C.L. Uma natureza que educa: as estâncias hidrominerais no estado de São Paulo (1930-1940). Movimento, v. 23, p. 949-962, 2017.
MONTENEGRO, N.R. A cultura física e suas manifestações no litoral de Fortaleza (1925-1946): novos modos de se educar e de se divertir. Mestrado, FE - Unicamp, Campinas, Brasil, 2020.
MOURÃO, M. Lindoya e a epopeia de um centauro. Jornal do commercio, Poços de Caldas, 20 mar 1938.
MUSA, C.U.; MEDEIROS, D.C.C.; SOARES, C.L. 'Moços intrépidos ao leo da aventura?: O Clube Campineiro de Regatas e Natação e a vida ao ar livre (1918-1935). Movimento, v. 27, p. 1, 2021.
PORTER, R. Les Anglais et les loisirs. In : CORBIN, A. (org). L’avènement des loisirs, 1850-1960. Paris: Aubier, 1995, p. 25-69.
PORTER, R. The medical history of waters and spas. Introduction. Medical Historial – Supplement, v.10, 1990, p. VII-XII.
PROPAGANDA THERMAS DE LINDÓIA. Papeis avulsos. Águas de Lindóia: Arquivo Pessoal Professor Francisco Goulart, [s.n.t.].
QUINTELA, M. M. Saberes e práticas termais: uma perspectiva comparada em Portugal (Termas de S. Pedro do Sul) e no Brasil (Caldas da Imperatriz). História, Ciências, Saúde: Manguinhos, vol. 11 (suplemento 1), 2004, p.239-260.
QUINTELA, M.M. Águas que curam, águas que “energizam”: etnografia da prática terapêutica termal na sulfúrea (Portugal) e nas Caldas da Imperatriz (Brasil). Doutorado, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal, 2008.
RAUCH, A. Les vacances et la nature revisitée (1830-1939). In : CORBIN, A. (org). L’avènement des loisirs, 1850-1960. Paris: Aubier, 1995, p. 108-153.
RICHEZ, J.; STRAUSS, L. Un temps nouveau pour les ovries : les congés payés (1930-1960). In : CORBIN, A. (org). L’avènement des loisirs, 1850-1960. Paris: Aubier, 1995, p. 495-543.
RIO, João do. A correspondência de uma estação da cura. São Paulo: IMS/Scipione, 1992.
SANTOS FILHO, J. O turismo na era Vargas e o departamento de imprensa e propaganda – DIP. CULTUR: Revista de cultura e turismo, v. 2, n. 2, 2008, p. 102-115.
SÃO PAULO. Decreto Estadual n. 6501, de 19 jun 1934. Cria na divisão administrativa do Estado os municípios destinados a estâncias de tratamento ou de repouso, e dá outras providências. Diário Oficial do Estado de São Paulo, 20 jun. 1934.
SÃO PAULO. Decreto Estadual n. 9731, de 16 nov. 1938. Cria a estância hidromineral de Lindoya.
SCHOSSLER, J. História do veraneio no Rio Grande do Sul. Jundiaí: Paco Editorial, 2013.
SIROST, O. La vie au grand air : aventures du corps et évasions vers la nature. Nancy, PUN, 2009.
SOARES, C. L. Três notas sobre natureza, educação do corpo e ordem urbana (1900-1940). In: SOARES, C.L. (org.) Uma educação pela natureza: a vida ao ar livre, o corpo e a ordem urbana. Campinas, SP: Autores Associados, 2016.
VILLARET, S. Histoire du naturisme en France depuis le siècle de Lumières. Paris: Vuibert, 2005.
WEISZ, G. Le thermalisme en France au XX siècle. Medicine/Sciences, v. 18, jan, 2002, p. 101-108.
WEISZ, G. Water cures and science: the French academy of medicine and mineral waters in the nineteenth century. Bulletin of the History of Medicine, v. 64, n. 3, feb, 1990, p. 393-416.
WEISZ. G. Spas, Mineral Waters and Hydrological Science in Twentieth-Century France. Isis, v. 92, 2001, p. 451-483.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2022 Projeto História : Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
