Dossiê 83 -  História e Educação

2024-06-26

Responsáveis:  Profa. Dr. Olga Brites (PUCSP) e Prof. Dr. Eduardo Silveira Netto Nunes (Universidade Federal do Acre)

Ementa: Os diálogos e a interrelação entre História e Educação são fundamentais para o fazer historiográfico e o fazer educacional. O campo historiográfico é responsável por desconstruir e problematizar  narrativas mistificadoras, negacionistas e assentadas no “pós-verdade”. Recentemente, no Brasil, na América Latina e no mundo fomos atravessados por inúmeras reformas educacionais que acabam por perspectivas emancipadoras em favor de políticas neoliberais, mercadológicas e produtoras da iniquidade na educação. O ataque à educação pública e a emergência de forças neoconservadoras, neofascistas e neoliberais acabam reverberando no desmonte da educação democrática e na fragilização da área de História, com redução da oferta da disciplina, fechamento de cursos de História, escolas cívico-militares, a privatização de escolas públicas,  perseguição aos professores, o uso da tecnologia como forma de controle, redução do número de alunos que procuram universidades. O campo historiográfico e da pesquisa educacional têm mobilizado energias na perspectiva de problematizar e analisar todos esses novos e antigos ataques à História e à Educação. Temos convicção de que ensino e pesquisa não se separam, assumindo a responsabilidade de que nossos alunos do ensino médio e fundamental são sujeitos ativos de sua própria história e devem trabalhar com fontes de pesquisa histórica. Acompanhamos a luta da ANPUH, no período  da ditadura militar contra Estudos Sociais, que pretendia nos reduzir a uma educação moral e cívica, destituindo nossa área de seu poder crítico de transformar, lutar contra ditaduras, vencemos através de muita luta. Mais recentemente vivemos um período negacionista que pretende mais uma vez tirar nosso poder de luta e reflexão. Desde os Annales estamos convencidos de que toda manifestação humana faz parte da História, a escrita, o cinema, a música, literatura, vestimentas. A História material, imaterial, a dimensão do saber viver das culturas populares. Com Walter Benjamin aprendemos a pensar na História que envolve lutas e conflitos entre “vencedores e vencidos”. Assim valorizamos experiências de povos originários, lutas camponesas, movimento negro, pobres negros e brancos. Não se trata mais de folclorizar estes sujeitos mas dar visibilidade às suas experiências ativas e transformadoras. E foi assim que na ANPUH defendemos a presença de professores do ensino médio e fundamental não como reprodutores de um saber, consagrados pela teoria mas vendo-os como produtores de um conhecimento. Nesta coletânea procuramos trazer o debate de todas estas questões na expectativa de enfrentarmos as adversidades e olharmos para um futuro onde possamos construir outras histórias possíveis no campo da História e da Educação.

Recebimento entre 02/01/2025 e 30/03/2025

Publicação: agosto/2025