“Interesses profissionais"

Médicos, farmacêuticos e higiene pública na Bahia nos anos finais do século XIX

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/2176-2767.2025v84p87-116

Palavras-chave:

Pós-abolição, Artes de curar, higiene pública

Resumo

Este artigo analisa as disputas entre médicos e farmacêuticos pelas artes de curar, bem como a atuação da Junta da Higiene em Salvador nas últimas décadas do século XIX e início do XX. Por meio de fontes jornalísticas da época relativas às questões de higiene pública, raça, cura, charlatanismo e seus principais agentes: médicos, farmacêuticos, droguistas, curandeiros, etc; buscamos entender os conflitos envolvendo os diferentes agentes de cura na cidade de Salvador, em especial os médicos, autoridades sanitárias, farmacêuticos, e debates que envolvessem, em alguma medida, a questão racial. A leitura dos periódicos possibilitou, dessa forma, pensar as questões de cura numa cidade majoritariamente negra, como foi, e ainda é, Salvador, em um contexto de mudanças políticas e sociais como foi o pós-abolição na Bahia.

Biografia do Autor

Beatriz Jesus Rocha, Universidade Federal da Bahia

Graduada em História, Mestranda em História Social pelo PPGH/UFBA.

Gabriela dos Reis Sampaio, Universidade Federal da Bahia

Doutora em História Social, docente do Departamento de História e do PPGH/UFBA.

Referências

ALBUQUERQUE, W. O jogo da dissimulação: abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

ALBUQUERQUE, W.; SAMPAIO, G. De que lado você samba? Raça, política e ciência na Bahia do pós-abolição. Campinas: Editora Unicamp, 2021.

BRITO, L. da C. Temores da África: segurança, legislação e população africana na Bahia oitocentista. Salvador: Eufba, 2016.

CALAINHO, D. B. Jesuítas e Medicina no Brasil Colonial. Tempo, 10 (19), Dez 2005, pp. 61-75. Disponível em https://doi.org/10.1590/S1413-77042005000200005. Acesso em: 01 mai. 2025.

CASTILLO, L. E.; PARÉS, L. N. Marcelina da Silva e seu mundo: novos dados para uma historiografia do candomblé ketu. Afro-Ásia 2007; 36(2007), pp. 111-151.

CHALHOUB, S. Cidade Febril: cortiços e epidemias na Corte imperial. 2ª edição. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

CHALHOUB, S. et al. (org.). Artes e ofícios de curar no Brasil: capítulos de história social. Campinas: Editora da Unicamp, 2003.

CORRÊA, M. As ilusões da liberdade: a escola Nina Rodrigues e a antropologia no Brasil. Rio de Janeiro: Editora da Fiocruz, 2013(1996).

CRUZ DE SOUZA, C. A gripe espanhola na Bahia: saúde, política e medicina em tempos de epidemia. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz/Salvador: Edufba; 2009.

DAVID, O. R. O inimigo invisível: epidemia na Bahia no século XIX. Salvador: EDUFBA /Sarah Letras, 1996.

ÉDLER, F. C. A medicina brasileira no século XIX: um balanço historiográfico. Asclépio Revista de Historia de La Medicina y de La Ciencia, Espanha, v. L, n.2, pp. 169- 186, 1998. Disponível em: https://doi.org/10.3989/asclepio.1998.v50.i2.341. Acesso em: 01 mar. 2023.

FERREIRA, L. O. Medicina Impopular: ciência médica e medicina popular nas páginas dos periódicos científicos (1830-1840). In: CHALHOUB, S. et al. (org.). Artes e ofícios de curar no Brasil: capítulos de história social. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2003, pp. 101-123.

LOPES, A. C. de J. Entre farrapos e trapos: formação e cotidiano das Habitações populares coletivas na cidade do Salvador (1850- 1899). Monografia de graduação, UFRB, Cachoeira, 2013.

MAIO, M. C. A medicina de Nina Rodrigues: análise de uma trajetória científica. Cad. Saúde Públ., v. 11 (2), pp. 226-237, 1995. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-311X1995000200006. Acesso em: 01 mai. 2024.

MARQUES, V. R. B. Natureza em boiões: medicinas e boticários no Brasil setecentista. Campinas: Editora da Unicamp, Centro de Memória da Unicamp, 2000.

MATTOS, H.; RIOS, A. M. O pós-abolição como problema histórico: balanços e perspectivas. TOPOI, v. 5, n. 8, 2004, pp. 170-198. Disponível em: http://revistatopoi.org/site/topoi8/. Acesso em: 10 Jan. 2022.

MELLO E SOUZA, L. O diabo e a terra de Santa Cruz. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.

PARÉS, L. N. A formação do candomblé: história e ritual da nação jeje na Bahia. Campinas: Editora da Unicamp, 2020.

PIMENTA, T. S. Sangrar, sarjar e aplicar sanguessugas: sangradores no Rio de Janeiro da primeira metade do Oitocentos. In: PIMENTA, T. S.; GOMES, F. (Org.). Escravidão, Doenças e Práticas de Cura. Rio de Janeiro: Outras Letras, 2016, pp. 229-247.

PIMENTA, T. S.; COSTA, E. A. O exercício farmacêutico na Bahia da segunda metade do século XIX. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.15, n.4, 2008, p. 1013-1023. Disponível em: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/HLgKRnmHn57M7zjvbJXwr9J/?lang=pt. Acesso em: 10 fev. 2021.

PORTER, R. The Patient’s view: doing Medical History from below. Theory and Society, Vol. 14, No. 2, 1985, pp. 175-198. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/657089. Acesso em: 20 abr. 2023.

QUEIROZ, V. de J. “Profetas do mau agouro”?: Higiene Pública na Gazeta Medica da Bahia (1866-1870). Brasília, 2018. Dissertação (Mestrado em História) - Instituto de Humanas, Universidade de Brasília, Brasília, 2018b. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/32894/1/2018_VanessadeJesusQueiroz.pdf.

REIS, J. J. A morte é uma festa. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

REIS, J. J. Domingos Sodré, um sacerdote africano. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

ROCHA, R. R. Professor Faustino, o Doutor Bota-Mão: um curandeiro na Bahia no limiar do século XX. Salvador: EDUFBA, 2023.

ROHDEN, F. O caso Abel Parente: esterilização, loucura e imoralidade. In: Uma ciência da diferença: sexo e gênero na medicina da mulher [online]. 2nd ed. rev. and enl. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2001. Acesso em 02 mar. 2024.

RUSSEL-WOOD, A. Fidalgos e filantropos: a Santa Casa da Misericórdia da Bahia, 1550-1755. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1981.

SAAD, L. “Fumo de negro”: a criminalização da maconha no pós-abolição. Salvador: EDUFBA, 2019.

SAMPAIO, G. dos R. "A pharmácia profissão e a pharmácia indústria”: conflitos entre médicos e farmacêuticos em Salvador em fins do século XIX. Ciência e Saúde Coletiva, 27 (09), 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232022279.03112022. Acesso em: 02 mai. 2024.

SAMPAIO, G. dos R. Decrépitos, anêmicos, tuberculosos: africanos na Santa Casa de Misericórdia da Bahia (1867-1872). Almanack, Guarulhos, n. 22, p. 207-249, ago. 2019.

SAMPAIO, G. dos R. Nas trincheiras da cura: as diferentes medicinas no Rio de Janeiro imperial. Campinas, SP – Editora da Unicamp, Cecult, IFCH, 2001.

SCHWARCZ, L. M. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil (1870-1930). São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

SILVEIRA, R. da. Os selvagens e a massa: papel do racismo científico na montagem da hegemonia ocidental. Afro-Ásia, Salvador, n. 23, 2000. Disponível em: https://doi.org/10.9771/aa.v0i23.20980. Acesso em: 10 out. 2022.

VIOTTI, A. C. de C. As práticas e os saberes médicos no Brasil colonial (1677-1808). São Paulo: Alameda, 2017.

WEBER, B. T. As artes de curar: Medicina, Religião, Magia e Positivismo na República Rio-Grandense – 1889-1928. Santa Maria: Ed. da UFSM; Bauru: EDUSC – Editora da Universidade do Sagrado Coração, 1999.

Lista de fontes

A SOCIEDADE Medica da Bahia e a pretensa descoberta do Dr. Abel Parente. Gazeta Medica da Bahia. Salvador, 1893, pp. 335-341. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=165646&Pesq=farmacia&pagfis=1151 .

AO EXA. cons. director geral de Hygiene. Pequeno Jornal, Salvador, 1891, p. 2.

AS ELEIÇÕES. Correio do Brazil. Orgão Democrata. Salvador, 1903, p. 2.http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=721069&pesq=gordilho&pasta=ano%20190&hf=memoria.bn.br&pagfis=258

CAPITULO VIII. Da policia sanitaria. Gazeta Medica da Bahia. Salvador, 1890, pp. 522-526. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=165646&Pesq=farmacia&pagfis=9798

EXERCITO. Pequeno Jornal, Salvador. 18 mar. 1890, p. 2.

HIGYENE publica. Atos do Poder Executivo – Capitulo VII – Das drogarias e lojas de instrumentos de cirurgia”. Gazeta Medica da Bahia. Salvador, 1890, pp. 521-526. http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=165646&Pesq=farmacia&pagfis=9797.

INEDITORIAIS – Para membro do Conselho Municipal da Capital [Eduardo Gordilho Costa]. Correio do Brazil. Rio de Janeiro, Orgão Democrata. Bahia, p. 2, 1903.

MEDICINA Administrativa - A pharmacia profissão e a pharmacia ndustria; commercio de remedios secretos e privilegiados. Gazeta Medica da Bahia. Salvador, 1876, p. 337. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=165646&Pesq=farmacia&pagfis=1831.

O DR. Lambão. Pequeno Jornal, Salvador, 11 set. 1890, p. 2.

PARA deputado à constituinte. Pequeno Jornal, Salvador, 5 set. 1889, p. 2.

PREVENÇÃO. Farmácia Dias Lima. Diario do Povo. Salvador, 1889, p. 3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=765910&Pesq=preven%c3%a7%c3% a3o&pagfis=363.

PROVIMENTO de recuso em questão de licenças a pharmaceuticos. Gazeta Médica da Bahia. Salvador, 1889, p. 151. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=165646&Pesq=farmacia&pagfis=9425.

REPRESENTAÇÃO dirigida ao Governo Imperial pelos pharmaceuticos da Bahia. Gazeta Medica da Bahia. Salvador, 1887, pp. 97-109. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=165646&Pesq=farmacia&pagfis=8186 .

SETE DE junho. Correio do Brazil. Rio de Janeiro, Orgão Democrata. Bahia, 1904, p. 2. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=721069&pesq=candombl%C3%A9& pasta=ano%20190&hf=memoria.bn.br&pagfis=834

UMA QUESTÃO de ethica medica na Academia Nacional de Medicina. Gazeta Medica da Bahia. Salvador, 1894, pp. 289-293. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=165646&pasta=ano%20189&pesq=&p a gfis=11879.

Downloads

Publicado

2025-12-15

Como Citar

Rocha, B. J., & Sampaio, G. dos R. (2025). “Interesses profissionais": Médicos, farmacêuticos e higiene pública na Bahia nos anos finais do século XIX. Projeto História : Revista Do Programa De Estudos Pós-Graduados De História, 84, 87–116. https://doi.org/10.23925/2176-2767.2025v84p87-116