Os avestruzes epistemológicos de cérebro antipopperiano e o drama político-econômico do Antropoceno
DOI:
https://doi.org/10.23925/1984-3585.2021i24p139-156Palavras-chave:
Antropoceno, Antropocentrismo, Racionalidade humana, Racionalidade limitadaResumo
Este breve ensaio defende uma concepção de Antropoceno como uma condição histórica que marca o declínio do antropocentrismo (moderno). O Antropoceno é a condição histórica na qual tomamos conhecimento da distância entre a racionalidade idealizada que é essencial ao antropocentrismo moderno e uma versão mais realista de nossa racionalidade que está emergindo de pesquisas empíricas. Nas últimas décadas, estudos empíricos no campo das ciências cognitivas e da psicologia experimental têm desenvolvido modelos de racionalidade que contrastam com as versões mais idealizadas que viemos cultivando desde o Iluminismo. O contraste não é novo. Já tinha sido antecipado por Freud e pela tradição psicanalítica no âmbito da cultura ocidental. O que é novo é o acúmulo de evidência que sustenta uma concepção mais descritiva (e menos normativa) da razão humana. Esta abordagem mais descritiva (baseada em pesquisa empírica) é chamada de “racionalidade limitada” e é o motor fundamental do declínio do antropocentrismo de acordo com nossa concepção de Antropoceno neste ensaio.
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