Os avestruzes epistemológicos de cérebro antipopperiano e o drama político-econômico do Antropoceno

Autores

  • Gustavo Rick Amaral Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital, São Paulo, São Paulo, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.23925/1984-3585.2021i24p139-156

Palavras-chave:

Antropoceno, Antropocentrismo, Racionalidade humana, Racionalidade limitada

Resumo

Este breve ensaio defende uma concepção de Antropoceno como uma condição histórica que marca o declínio do antropocentrismo (moderno). O Antropoceno é a condição histórica na qual tomamos conhecimento da distância entre a racionalidade idealizada que é essencial ao antropocentrismo moderno e uma versão mais realista de nossa racionalidade que está emergindo de pesquisas empíricas. Nas últimas décadas, estudos empíricos no campo das ciências cognitivas e da psicologia experimental têm desenvolvido modelos de racionalidade que contrastam com as versões mais idealizadas que viemos cultivando desde o Iluminismo. O contraste não é novo. Já tinha sido antecipado por Freud e pela tradição psicanalítica no âmbito da cultura ocidental. O que é novo é o acúmulo de evidência que sustenta uma concepção mais descritiva (e menos normativa) da razão humana. Esta abordagem mais descritiva (baseada em pesquisa empírica) é chamada de “racionalidade limitada” e é o motor fundamental do declínio do antropocentrismo de acordo com nossa concepção de Antropoceno neste ensaio.

Biografia do Autor

Gustavo Rick Amaral, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital, São Paulo, São Paulo, Brasil

Doutor pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Tecnologias da Inteligência e Design Digital (2014) da PUC/SP e mestre pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica (2009) também da PUC-SP. É autor do livro “Os avanços da ciência podem acabar com a filosofia?” em parceria com o físico Ronaldo Marin (editora Estação das Letras e Cores, 2020). É professor dos cursos de Comunicação Social da Universidade Anhembi-Morumbi. Foi coordenador do curso de Jornalismo da Faculdade PAULUS de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM) no período 2015-2016. Foi professor no curso de Comunicação Social e do curso de Filosofia da Faculdade PAULUS de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM) no período 2012-2016. É pesquisador do Centro Internacional de Estudos Peirceanos (CIEP/PUC-SP) e do grupo de pesquisa Transobjeto (dedicado ao estudo da relação entre o realismo especulativo e o realismo peirceano).

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Publicado

2022-03-09