“O grito no rito”: sedução e “convite amoroso” em Lavoura arcaica de Raduan Nassar
DOI:
https://doi.org/10.23925/poliética.v8i2.50931Parole chiave:
Convite amoroso, Sedução, Lavoura arcaicaAbstract
O convite amoroso é um topos da poesia tradicional associado a um antigo esquema retórico-poético que posiciona o amante no lugar daquele que exorta a amada, por meio de argumentos e exemplos, a ceder à sua investida amorosa com a urgência ditada pela impetuosidade do desejo erótico. Esse topos esteve ligado ao tema da passagem do tempo e a um sistema metafórico que se vale de componentes da natureza que funcionam como símiles da efemeridade da vida e que arrasta consigo beleza e jovialidade, valores atrelados à urgência do pleito amoroso. Em Lavoura arcaica o protagonista André situa-se no lugar do articulador de uma variação da retórica do convite erótico em cujo discurso ocorre uma retomada de certos elementos do esquema tópico tradicional reelaborados, porém, a partir de transgressões e modulações específicas, condizentes com o espírito do romance e certas peculiaridades da visão do personagem. Propõe-se, portanto, uma leitura da fala de André dirigida à irmã no capítulo 20 do referido romance tendo como parâmetro o “convite amoroso” de modo a refletir sobre as apropriações e rasuras realizadas pelo narrador com relação ao referido topos poético.
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