Cultivando a ambiguidade: considerações sobre questões de complexidade no discurso crioulo
Palavras-chave:
Discurso crioulo, Ambiguidade, Simplicidade e complexidadeResumo
Este artigo é uma resposta ao diálogo relativo à complexidade e simplicidade em gramáticas pidgin e crioulas. Minha abordagem requer uma visão cronotópica e não finalizada da gramática, bem como noções bakhtinianas que dão importância crucial aos contextos temporais e espaciais nas discussões sobre a expansão, o desenvolvimento linguístico e a historicidade do uso da linguagem. Assumo, nesta pesquisa, uma perspectiva modular, cujo foco recai sobre um componente pragmático da gramática: a ambiguidade no discurso. No presente estudo, enunciados linguísticos que contêm os phrasal verbs[1] “rip off” e “hot up” são analisados por suas características ambíguas[2] e bivocais. Meu objetivo é ressaltar a importância de se reconhecer a bivocalidade como uma estratégia discursiva complexa na gramática crioula afro-caribenha. Essa característica e outras construções não marcadas, ou marcadas com zero, são difíceis de se justificar utilizando as métricas atuais de complexidade versus simplicidade. Invoco, aqui, ideias de Bakhtin e sua teoria do dialogismo, na esperança de auxiliar em nossa análise do plurilinguismo e do cultivo da ambiguidade no discurso crioulo.
[1] N. do T.: “Um phrasal verb é uma frase que consiste na combinação de um verbo com uma preposição ou advérbio ou ambos, cujo significado é diferente daquele de cada uma de suas partes” [No original: “A phrasal verb is a phrase which consists of a verb in combination with a preposition or adverb or both, the meaning of which is differente form the meaning of its separate parts”]. (Cambridge Internacional Dictionaty of English. Cambridge University Press, 1995).
[2] Cultivando a ambiguidade é um termo emprestado de Faraclas e do The Working Group on the Agency of Marginalized Peoples in the Emergence of the Afro-Atlantic Creoles [Grupo de Trabalho da Agência de Pessoas Marginalizadas no Surgimento de Línguas Crioulas Afro-atlanticas] (2016).