Mito e religião na tríplice fronteira Roraima, Guiana e Venezuela: o Areruya e o entre-lugar
Palavras-chave:
Areruya, Ingarikó, Mitos, Entre-lugarResumo
Este artigo sobre a religião Areruya dos Ingarikó da aldeia Manalai, localizada no estado de Roraima, compara o discurso de dois mitos sobre a origem do atual Areruya. Um dos mitos foi transcrito por Audrey Butt Colson (1960) na década de 1950 e o outro pela antropóloga Maria Virgínia do Amaral (2019) entre 2014 e 2017. O objetivo da comparação entre os dois discursos foi apresentar as articulações de cada um para uma nova configuração cosmológica e social, a partir da chegada do colonizador. Para tanto, fizemos uso da ideia de entre-lugar oriunda dos estudos de Homi Bhabha (2001) – em O local da cultura –, porque ela permite utilizar o método de análise de textos como discurso sem fixar algum sentido intrínseco a eles, criando um espaço deslizante.
Downloads
Referências
AMARAL, Maria Virgínia Ramos. Entre a distração e o esquecimento: a colonização na fronteira Brasil-Guiana segundo leituras históricas e míticas. Mana. Vol.28, n2, 2022, p. 1-34.
AMARAL, Maria Virgínia Ramos. Os Ingarikó e a religião Areruya. Tese de Doutorado. UFRJ/MN, Rio de Janeiro, Brasil, 2019.
AMARO, Fernanda Ribeiro. A viagem do outro: antropologia reversa em A queda do céu. Revista Landa. Vol 8, n2, 2020, p. 95-111. Disponível em https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/209084. Acesso em 3 de setembro, 2023.
ASSY, Bethania e ROLO, Rafael. A concretização inventiva de si a partir da perspectiva do outro: notas a uma Antropofilosofia Decolonial em Viveiros de Castro, Rev. Direito Práxis, v. 10, n. 4, p. 2367-2398, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/2179-8966/2019/37973.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Tradução de Myriam Ávila, Eliana de Lourenço de Lima Reis e Gláucia Renata Gonçalves. Belo Horizonte: UFMG, 2001.
BÍBLIA sagrada: Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição rev. e atualizada no Brasil. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.
BUTT COLSON, Audrey. The Birth of a Religion. Journal of the Royal Anthropological of Great Britain and Ireland, Vol. 90, No. 1, 1960. pp. 66-106, jan-jun, 1960.
CALAVIA SÁEZ, Oscar. Do perspectivismo ameríndio ao índio real. Campos - Revista de Antropologia, [S.l.], v. 13, n. 2, p. 7-23, dez. 2012. DOI: http://dx.doi.org/10.5380/cam.v13i2.36728.
CAPIBERIBE, Artionka. A língua franca do suprassensível: sobre xamanismo, cristianismo e transformação. Mana. vol.23, n.2, p. 311-40, 2017. DOI http://dx.doi.org/10.1590/1678-49442017v23n2p311.
COPING, Ata da XIII. Assembleia geral do Povo Ingarikó e VIII Assembleia do Conselho do Povo Ingarikó, Serra do Sol, RR: nov. 2012.
CRUZ, Maria Odileiz Souza. Fonologia e Gramática Ingarikó – Kapon Brasil. Tese dedoutorado. Amsterdam: Vrije Universiteit Amsterdam, Holanda, 2005.
DAMATTA, Roberto. Mito e antimito entre os Timbira. In: LÉVI-STRAUSS, Claude, CARDOSO de OLIVEIRA, Roberto; MILATTI, Júlio Cezar ; LARAIA, Roque de Barros. Mito e linguagem social – ensaios de Antropologia Estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1970.
FARAGE, Nádia; SANTILLI, Paulo. Estado de sítio: territórios e identidades no vale do Rio Branco. In: CUNHA, Manuela Carneiro da (org). História dos índios no Brasil. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras: Secretaria Municipal de Cultura: Fapesp, 2006.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. Tradução de Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
GIRALDIN, Odair; APINAGÉ, Cassiano Sotero. Perspectivas históricas sob a perspectiva dos Apinaje. Tellus, [S. l.], v. 19, n. 38, p. 237–288, 2019. DOI: https://doi.org/10.20435/tellus.v19i38.547.
GOODRCH, Derek. Old-style Missionary – The Ministry of John Dorman, Priest in Guyana. East Harling, Northfolk, England: Taverner Publications, 2003.
HUGH-JONES, Stephen. The Gun and the Bow: Myths of the White Man and Indians. L’Homme 106-107, 1988. pp. 138-158.
INGOLD, Tim. Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Tradução de Fabio Creder. Petrópolis: Vozes 2015.
KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Tradução de Beatriz Perrone-Moisés. Prefácio de Eduardo Viveiros de Castro. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
LÉVI-STRAUSS, Claude. Mito e significado. Tradução de António Marques Bessa. Lisboa: Edições 70, 1978.
LÉVI-STRAUSS, Claude. O cru e o cozido: Mitológicas I. Tradução de Beatriz Perrone-Moisés. Rio de Janeiro: Zahar, 2021.
LIMA, Tânia Stolze. Por uma cartografia do poder e da diferença nas cosmopolíticas ameríndias. Revista de Antropologia, [S. l.], v. 54, n. 2, 2011. DOI: https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2011.39641.
MANO, Marcel. Sobre as penas do gavião mítico: história e cultura entre os Kayapó. Campo Grande, MS: Tellus, n. 22, p. 133-154, jan/jul. 2012. Disponível em: https://www.tellus.ucdb.br/tellus/article/view/277. Acesso em 07 setembro, 2023.
MIGNOLO, Walter. Desobediência epistêmica: opção descolonial e o significado de identidade em política. Tradução de Ângela Lopes Norte. Cadernos de letras da UFF- Dossiê: literatura, língua, e identidade, nº 34, p. 287- 324, 2008.
MIGNOLO, Walter. Histórias locais/projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Tradução de Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2020.
PAGDEN, Anthony. The Fall of Natural Man: The American Indian and the Origins of Comparative Ethnology. New York: Cambridge University Press, 1982.
PALS, Daniel L. Nove teorias da religião. Tradução de Caezar Souza. Petrópolis: Vozes, 2019.
SÁ, Lúcia de. Histórias sem fim: perspectivismo e forma narrativa na literatura indígena da Amazônia, Itinerários, Araraquara, n. 51, 2020. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/itinerarios/article/view/14702/10292. Acesso em 05 de setembro, 2023.
SAMPAIO, Dilaine Soares & SENA DA SILVEIRA, Emerson (orgs.). Narrativas míticas: análise das histórias que as religiões contam. Petrópolis: Vozes, 2018.
SMITH, Linda Tuhiwai. Descolonizando metodologias: pesquisa e povos indígenas. Tradução de Roberto G. Barbosa. Curitiba: Ed. UFPR, 2018.
SZTUTMAN, Renato. Perspectivismo contra o Estado. Uma política do conceito em busca de um novo conceito de política. Revista de Antropologia, [S. l.], v. 63, n. 1, p. 185 - 213, 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.11606/ 2179-0892.ra.2020.169177.
VALENTIM, Marco Antonio. Extramundanidade e sobrenatureza: ensaios de ontologia infundamental. Florianópolis: Cultura e Barbárie, 2018.
VIEIRA, Antônio. Sermões. Org. de Alcir Pécora. São Paulo: Hedra, 2001, Vol. 2.
VILAÇA, Aparecida. Conversão, Predação e Perspectiva. In: Mana. Vol.14, 2008, p.173-204. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-93132008000100007.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Ubu Editora, 2020.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. “‘A história em outros termos’ e ‘Os termos da outra história’”. In: C. A. Ricardo (ed.), Povos Indígenas no Brasil (1996-2000). São Paulo: Instituto Socioambiental, 2000. p. 49-54.
WAGNER, Roy. A cultura como criatividade. In: WAGNER, Roy. A invenção da cultura. Tradução de Marcela Coelho de Souza e Alexandre Morales. São Paulo: Cosac Naify, 2010.
WHITEHEAD, Neil. L. Dark shamans: Kanaimà and the Poetics of Violent Death. Durham: Duke University Press, 2002.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Bakhtiniana. Revista de Estudos do Discurso
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. Os autores concedem à revista todos os direitos autorais referentes aos trabalhos publicados. Os conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta e exclusiva responsabilidade de seus autores.