O gênero entrevista sociolinguística e suas dimensões cronotópicas

Autores

  • Érica Marciano de Oliveira Universidade Nacional Timor Lorosa’e

Palavras-chave:

Entrevista sociolinguística, Cronotopo, Performance da linguagem, Stance, Abordagem interdisciplinar

Resumo

A entrevista sociolinguística tem sido estudada em diferentes aspectos, por pesquisadores de variadas áreas. Este texto busca ampliar a perspectiva de análise de entrevistas sociolinguísticas, em uma abordagem interdisciplinar, articulando noções do campo discursivo com outras do campo antropológico e do campo sociolinguístico. Os objetivos específicos deste trabalho são: (i) articular os conceitos de cronotopo, performance de linguagem e atos de postura (stance) para o estudo das dimensões cronotópicas na entrevista sociolinguística; (ii) expor e descrever essas dimensões e seus aspectos indexicais; e (iii) propor algumas estratégias metodológicas que podem ser adotadas para o mapeamento das dimensões cronotópicas nas entrevistas sociolinguísticas. Como resultado, exponho algumas contribuições dessa articulação conceitual e da estratégia metodológica utilizada, atentando-se também para a investigação de dados emergentes dessa prática discursiva.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGHA, Asif. Recombinant Selves in Mass Mediated Spacetime. Language & Communication, v. 27, n. 3, 2007. pp. 320-335. DOI https://doi.org/10.1016/j.langcom.2007.01.001.

AUSTIN, John Langshaw. How To Do Things with Words. Cambridge: Cambridge University Press, 1962.

AUSTIN, John Langshaw. Quando dizer é fazer. Tradução de Marcondes de Souza Filho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990 [1962].

BAKHTIN, Mikhail M. O romance de educação na história do realismo. In: BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução do russo, posfácio e notas de Paulo Bezerra São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011 [1979]. pp. 205–259.

BAKHTIN, Mikhail M. Teoria do romance II: as formas do tempo e do cronotopo. Tradução do russo, posfácio e notas de Paulo Bezerra; organização da edição russa de Serguei Botcharov e Vadim Kójinov. São Paulo: Editora 34, 2018 [1975].

BAUMAN, Richard; BRIGGS, Charles L. Poética e performance como perspectivas críticas sobre a linguagem e a vida social. Tradução e revisão de Vânia Z. Cardoso e Luciana Hartmann. Ilha Revista de Antropologia, v. 8, n. 1,2, 2006. pp. 185-229. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/article/view/18230/17095. Acesso em 20 de outubro de 2023.

BAUMAN, Richard; BRIGGS, Charles L. Poetics and Performance as Critical Perspectives on Language and Social Life. Annual Review of Anthropology, 1990, pp. 59-88.

BAUMAN, Richard. Commentary: Foundations in Performance. Journal of Sociolinguistics, v. 15, n. 5, 2011, pp. 707-720.

BAUMAN, Richard. Fundamentos da performance. Tradução e revisão de David Harrad e Ana Cristina M. Collares. Sociedade e Estado, v. 29, 2014. pp. 727-746. DOI https://doi.org/10.1590/S0102-69922014000300004.

BRAGANÇA, Marcela Langa Lacerda. Uma proposta de articulação teórico-metodológica entre os campos variacionista, funcionalista e dialógico para o tratamento de variação/mudança: reflexões a partir da expressão do futuro do presente. 2017. 696 f. Tese (Doutorado) - Curso de Programa de Pós-graduação em Linguística, Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017.

BRIGGS, Charles L. Learning How To Ask: A Sociolinguistic Appraisal of the Role of the Interview in Social Science Research. Cambridge: Cambridge University Press, 1986.

BÜHLER, Karl. Teoria da linguagem. Tradução de Pablo Pinheiro da Costa. Campinas-SP: Centro de Desenvolvimento Profissional e Tecnológico – CEDET, Kírion, 2020.

DE FINA, Anna. Narratives in Interview – The Case of Accounts: for an Interactional Approach to Narrative Genres. Narrative Inquiry, v. 19, n. 2, 2009, pp. 233-258.

DU BOIS, John W. The Stance Triangle. Stancetaking in Discourse: Subjectivity, Evaluation, Interaction, v. 164, n. 3, 2007, pp. 139-182.

GEORGAKOPOULOU, Alexandra. Thinking Big with Small Stories in Narrative and Identity Analysis. Narrative Inquiry, v. 16, n. 1, 2006, pp. 122-130.

GUMPERZ, John J. Discourse Strategies. Cambridge University Press, 1982.

HANKS, William F. Discourse Genres in a Theory of Practice. American Ethnologist, v. 14, n. 4, 1987, pp. 668-692.

HANKS, William F. Explorations in the Deictic Field. Current Anthropology. 2005, pp. 191-220.

HANKS, William F. Os gêneros do discurso numa teoria da prática. In: BENTES, Anna Christina et al. (orgs.). Língua como prática social: das relações entre língua, cultura e sociedade a partir de Bourdieu e Bakhtin. Tradução de Renato Cabral Rezende. São Paulo: Cortez, 2008. pp. 28-72.

HANKS, William F. Incursões no campo dêitico. In: BENTES, Anna Christina et al. (orgs.). Língua como prática social: das relações entre língua, cultura e sociedade a partir de Bourdieu e Bakhtin. Tradução de Marcos Rogério Cintra e Renato Cabral Rezende. São Paulo: Cortez, 2008. pp. 204-271.

HOLQUIST, Michael. A fuga do cronotopo. In: BEMONG, Nele et al. (org.). Bakhtin e o cronotopo: reflexões, aplicações, perspectivas. Tradução de Ozíris Borges Filho. São Paulo: Parábola, 2015, pp. 34-51.

HYMES, Dell H. Introduction: Toward Ethnographies of Communication. In: GUMPERZ, John J.; HYMES, Dell (eds.). The Ethnography of Communication. American Anthropologist 66(6). 1964, pp. 1-34.

HYMES, Dell H. Models of the Interaction of Language and Social Life. In GUMPERZ, John J.; HYMES, Dell H. (eds.). Directions in Sociolinguistics: The Ethnography of Communication. New York: Holt, Rinehart & Winston, 1972. pp. 35-71.

JAFFE, Alexandra (ed.). Stance: Sociolinguistic Perspectives. Oup Usa, 2009.

JAKOBSON, Roman. Closing Statement: Linguistics and Poetics. In: The Lyric Theory Reader: A Critical Anthology, 2014 [1960].

LABOV, William. The Social Motivation of a Sound Change. Word, v. 19, n. 3, 1963. pp. 273-309.

LABOV, William. The Social Stratification of English in New York City. Washington, D. C.: Center for Applied Linguistics, 1966.

LABOV, William; WALETZKY, Joshua. Narrative Analysis: Oral Versions of Personal Experience. In: PAULSTON, C. B.; TUCKER, G. R. (eds.). Sociolinguistics: The Essential Readings. Oxford: Blackwell, 2003 [1967]. pp. 74–104.

LABOV, William. Some Sociolinguistic Principles. In: PAULSTON, C. B.; TUCKER, G. R. (orgs.) Sociolinguistics: The Essential Readings. Oxford: Blackwell, 2003 [1969]. pp. 234- 250.

LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. Tradução de Marcos Bagno, Maria Marta Pereira Scherre e Caroline Rodrigues Cardoso. São Paulo: Parábola, 2008 [1972].

LANGA-LACERDA, Marcela. A expressão do futuro do presente, os gêneros do discurso no âmbito da terceira onda variacionista e o mundo pós-covid-19: algumas incursões. Working Papers em Linguística (Online), v. 22, 2021, pp. 246-277. DOI https://doi.org/10.5007/1984-8420.2021e75509.

LEVINSON, Stephen C. Pragmatics. Cambridge: Cambridge University Press, 1983.

LEVINSON, Stephen C. Pragmática. Tradução de L. C. Borges e Aníbal Mari. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

MARCIANO DE OLIVEIRA, Érica. “E começou a entrar o turismo”: identidades em movimento em uma comunidade pesqueira na Ilha de Santa Catarina. 2023. 381f. Tese (Doutorado em Linguística) – Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Florianópolis, 2023.

OCHS, Elinor. Indexicality and Socialization. Cultural Psychology: Essays on Comparative Human Development, 1990.

PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica: Charles Sanders Peirce. Tradução de: José Teixeira Coelho Neto. São Paulo: Perspectiva, 2005.

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. Organização Charles Bally e Albert Sechehaye; com a colaboração de Albert Riedlinger. Tradução Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 28a ed. São Paulo: Cultrix, 2012.

SILVERSTEIN, Michael. “Shifters, Verbal Categories, and Cultural Description”. In: BASSO, K; SELBY, H. (eds.). Meaning in Anthropology. Albuquerque: School of American Research, 1976. pp. 11-57.

SILVERSTEIN, Michael. Pragmatic Indexing. In: Jacob Mey (ed.) Concise Encyclopedia of Pragmatics. London: Elsevier, 2006, pp. 756-759.

TAVARES, Maria Alice. Então inferidor como marca de constituição de subjetividade e de instanciação de sentidos na entrevista sociolinguística. DELTA: Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, v. 20, 2004. pp. 77-95. DOI http://dx.doi.org/10.1590/S0102-44502004000100004.

TAVARES, Maria Alice. Textos de diferentes gêneros produzidos em entrevistas sociolinguísticas: o caso do banco de dados VARSUL. Revista Veredas, v. 19, n. 2, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/veredas/article/view/24918/13952. Acesso 20 de outubro de 2023.

VALLE, Carla Regina Martins; GÖRSKI, Edair Maria. Por um tratamento multidimensional da variação estilística na entrevista sociolinguística. In: GÖRSKI, Edair Maria; COELHO, Izete Lehmkuhl; NUNES DE SOUZA, Christiane Maria (Orgs.). Variação estilística – reflexões teórico-metodológicas e propostas de análise. Coleção Linguística. v. 3. Florianópolis: Insular, 2014. pp. 93-121.

WOOLARD, Kathryn A. Is the Personal Political? Chronotopes and Changing Stances toward Catalan Language and Identity. International Journal of Bilingual Education and Bilingualism, v. 16, n. 2, 2013, pp. 210-224.

Publicado

2024-10-21

Como Citar

Marciano de Oliveira, Érica. (2024). O gênero entrevista sociolinguística e suas dimensões cronotópicas . Bakhtiniana. Revista De Estudos Do Discurso, 19(4). Recuperado de https://revistas.pucsp.br/index.php/bakhtiniana/article/view/64132

Edição

Seção

Artigos