Anunciação de uma epistemologia decolonial: Zambiapunga como um movimento cultural de resistência
Palavras-chave:
Decolonialidade, Zambiapunga, Ensino e Aprendizagem, Currículo MulticulturalResumo
O presente artigo teórico é parte de uma tese em andamento, e visa responder a seguinte inquietação: como utilizar os múltiplos saberes que estão circunscritos na manifestação cultural do Zambiapunga em prol de uma reformulação do modelo hegemônico que está presente, ainda, nos processos de ensino e aprendizagem? Com isso, tem-se como objetivo refletir o Zambiapunga como instrumento cultural a serviço de uma Educação Decolonial em sala de aula. Trata-se de uma investigação qualitativa, bibliográfica, a qual aponta o Zambiapunga como candidato a materializar uma alternativa de referência cultural a serviço de uma educação multirreferenciada, que inspire um currículo referencialmente multicultural. Como resultado, verificou-se que existem vastas possibilidades de utilização desse grupo afrodiaspórico a serviço de uma Educação Decolonial, sobretudo, por meio de diferentes racionalidades, memórias, musicalidades, identidades, memórias, línguas, histórias, valores e costumes que foram invisibilizadas no contexto da colonialidade.
Referências
ABIB, Pedro Rodolpho Jungers; SANTOS, Núbia Cecília Pereira. Zambiapunga-cultura popular e processos educacionais baseados na construção e afirmação das identidades. Educação em Foco, v. 19, n. 28, pp. 75-101, 2016. Disponível em: https://revista.uemg.br/index.php/educacaoemfoco/article/view/1246. Acesso em: 23 fev. 2025.
BAHIA. Secretaria da Educação. Superintendência de Políticas para Educação Básica. União Nacional dos Dirigentes Municipais da Bahia. Documento Curricular Referencial da Bahia para Educação Infantil e Ensino Fundamental. 475 p., 2019. Disponível em: https://encurtador.com.br/dr0bI. Acesso em: 23 fev. 2025.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. 3. versão. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: https://encurtador.com.br/vxKW1. Acesso em: 23 fev. 2025.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília: MEC, 2004.
BRASIL. Educação antirracista: caminhos abertos pela Lei Federal n. 10.639/03. Brasília: MEC/SECAD, 2005.
CASTRO, Yeda Pessoa de. Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro: Topbooks, 2001.
COSTA, Joaze Bernardino; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramón. (Orgs.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. 2. ed. São Paulo: Autêntica, 2020.
EÇA, José Lucas Matias de; MADRUGA, Zulma Elizabete de Freitas. Investigando os saberes matemáticos do Zambiapunga por meio da Etnomatemática: possibilidades de reformulação do modelo hegemônico nos processos de ensino e aprendizagem da matemática. Identidade! [S. l.], v. 28, n. 1, pp. 32–57, 2023. Disponível em: https://revistas.est.edu.br/Identidade/article/view/2626. Acesso em: 23 fev. 2025.
FERNANDES, Mille Caroline Rodrigues. MBAÉTARACA: uma experiência de educação de jovens quilombolas no município de Nilo Peçanha/BA. 2013. 220f. Dissertação (Mestrado em Educação e Contemporaneidade) – Universidade do Estado da Bahia – UNEB/CAMPUS I, Salvador, 2013. Disponível em: https://encurtador.com.br/zEKT5. Acesso em: 23 fev. 2025.
FLEURI, Reinaldo Matias. Educação intercultural: mediações necessárias. Rio de Janeiro: DP&a, 2003.
FLEURI, Reinaldo Matias. Educação Intercultural: decolonializar o poder e o saber, o ser e o viver. Visão Global, Joaçaba, v. 15, n. 1-2, pp. 7-22, 2012. Disponível em: https://periodicos.unoesc.edu.br/visaoglobal/article/view/3408. Acesso em: 23 fev. 2025.
GROSFOGUEL, Ramon. Dilemas dos estudos étnicos norte-americanos: multiculturalismo identitário, colonização disciplinar e epistemologias decoloniais. In: Ciência e cultura. São Paulo: v. 59, n. 2, pp. 32-35, 2007.
GUIMARÃES, Alexandre. 2003. Zambiapunga de Nilo Peçanha: Representações no Tempo (1940-2002). Monografia de Graduação. Santo Antônio de Jesus: Universidade do Estado da Bahia (Campus V).
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
KATRIB, Caio Mohamad Ibrahim. Ensino de História em perspectiva decolonial. In: Florisvaldo Paulo Ribeiro Júnior e Ivete Batista da Silva Almeida. (Org.). Ensino de história em perspectiva decolonial. São Leopoldo: Oikos, 2022. pp. 91-114.
MALDONADO-TORRES, Nelson. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago & GROSFOGUEL, Ramon (coords.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistêmica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos, Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar. 2007. pp. 127-167.
OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; CANDAU, Vera Maria Ferrão. Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil. Educação em revista, v. 26, n. 01, pp. 15-40, 2010. Disponível em: https://encurtador.com.br/z7txQ. Acesso em: 23 fev. 2025.
PAZ, Paulo Sérgio Silva. (Re) Existências periféricas contra o epistemicídio da cultura negra. Língu@ Nostr@, [S. l.], v. 10, n. 1, pp. 159 - 176, 2022. Disponível em: https://encurtador.com.br/BZpHx. Acesso em: 23 fev. 2025.
PINHEIRO, Bárbara Carine Soares. História preta das coisas: 50 invenções científico-tecnológicas de pessoas negras. São Paulo: LF Editorial, 2023.
POZZER, Adecir; POZZER, Suzan Alberton. Identidade, decolonialidade, interculturalidade e a construção de uma ideia de nação na história da educação brasileira. Eventos Pedagógicos, v. 13, n. 3, pp. 613-632, 2022. Disponível em: https://periodicos.unemat.br/index.php/reps/article/view/6433. Acesso em: 23 fev. 2025.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: LANDER, E. (Org.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas Latinoamericanas. Buenos Aires: Clacso, 2005. pp. 227-277.
REIS, Washington Santos dos; GIRALDO, Victor. As legislações étnico-raciais de currículo como uma política decolonial de educação. In: Congresso Nacional de Educação, 8., 2022, Maceió. Anais [...]. Maceió: Editora Realize, 2022. pp. 1-12.
SANTOS, Henrique de Freitas. O arco e a arkhé: ensaios sobre literatura e cultura. Salvador: Ogum's Toques Negros, 2016.
SANTOS, José Francisco dos. Alguns aspectos historiográficos sobre os negros e negras africanos e afro-brasileiros na diáspora e na formação do Brasil. Sul-Sul-Revista de Ciências Humanas e Sociais, v. 1, n. 01, pp. 35-56, 2020. Disponível em: https://encurtador.com.br/AGIJ8. Acesso em: 23 fev. 2025.
SANTOS, Nívea Alves dos. Zambiapunga: quando a memória africana se revela no território do Baixo Sul. (Org.). Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul. Trilhas patrimoniais dos Caretas e Zambiapunga. Ituberá, BA: IDES, 2021.
SANTOS, Núbia Cecília Pereira dos. Zambiapunga: educação, memória e identidade. 2015. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/18448. Acesso em: 12 mar. 2023.
SILVA, Dante Domiciano. A tutela jurídica do patrimônio cultural imaterial e as ações para a sua salvaguarda no cenário da pandemia de COVID-19. (Org.). Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul. Trilhas patrimoniais dos Caretas e Zambiapunga. Ituberá, BA: IDES, 2021.
WALSH, Catherine. Pensamiento crítico y matriz (de)colonial. Reflexiones latinoamericanas. Quito: Ediciones Abya-yala, 2005. pp. 13-35.
WALSH, C.; DE OLIVEIRA, L. F.; CANDAU, V. M. Colonialidade e pedagogia decolonial: Para pensar uma educação outra. Education Policy Analysis Archives, v. 26, pp. 83-83, 2018. Disponível em: https://epaa.asu.edu/index.php/epaa/article/view/3874. Acesso em: 10 set. 2024.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Bakhtiniana. Revista de Estudos do Discurso

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. Os autores concedem à revista todos os direitos autorais referentes aos trabalhos publicados. Os conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta e exclusiva responsabilidade de seus autores.





