Opus Sectile e a romanização na Judeia

Uma análise com base no acervo do Museu de Arqueologia Bíblica do Centro Universitário Adventista de São Paulo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/2176-4174.34.2025e68773

Palavras-chave:

Opus Sectile, Herodes, o Grande, Monte do Templo, Romanização na Judeia

Resumo

O acervo do Museu de Arqueologia Bíblica (MAB) do Centro Universitário Adventista de São Paulo, localizado em Engenheiro Coelho, São Paulo, inclui um mosaico com técnica opus sectile na área expositiva de longa duração. Esta técnica, datada do período romano, especialmente do final do 1º século a.C., representava uma forma de decoração sofisticada e tecnicamente complexa. Utilizado em vilas aristocráticas, templos e palácios, o recurso opus sectile simbolizava uma inovação artística em relação aos mosaicos tradicionais. Embora associado ao contexto romano, registros arqueológicos documentados por Ehud Netzer (2006) revelam a presença de pavimentos sectile em locais como Masada, Chipre, Jericó e Jerusalém. Este estudo visa analisar a técnica e os padrões dos pavimentos sectile romanos e herodianos, com especial atenção àqueles do Templo de Jerusalém, e avaliar a importância da reprodução desses pavimentos no MAB como recurso educativo e de pesquisa. A metodologia do estudo foi dividida em duas etapas: primeiramente, uma análise historiográfica dos mosaicos opus sectile romanos e das inovações herodianas, com base nas classificações de Federico Guidobaldi (2009), Ehud Netzer (2006; 2018) e Frankie Snyder (2020; 2021); em seguida, a investigação do processo de reprodução dos pavimentos herodianos no MAB e suas funções didáticas na introdução da teoria arqueológica e da cultura material à comunidade. Os resultados revelaram que Herodes, o Grande, destacou-se como um arquiteto inovador na antiguidade, promovendo a romanização ao adotar e adaptar técnicas romanas, como o opus sectile. Sua abordagem singular, evidenciada pelo uso do triângulo herodiano e variações em módulos quadráticos, deixou uma marca distintiva na arquitetura da sua época. A reconstrução do piso no Museu de Arqueologia Bíblica, não só avança o conhecimento sobre a arquitetura romana, mas também contribui para a preservação da identidade do Templo de Jerusalém, oferecendo um recurso didático de grande valor.

Biografia do Autor

Sergio Henrique Micael Santos, Centro Universitário Adventista de São Paulo

Historiador do Museu de Arqueologia Bíblica do UNASP - MAB. Licenciado em História pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo - UNASP. Mestrando em História pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP. Graduando em Teologia pelo UNASP. Foi redator da Enciclopédia Adventista do Sétimo DIa - ESDA (2019-2021). Foi bolsista do Programa PIBID da Capes (2018-2020). Pesquisador do Grupo de Estudos da Antiguidade - GEAN e do Laboratório de Estudos em Cultura e Arte - LABECA. Desenvolve pesquisas nas áreas de Ensino de História e Historiografia, História da Educação, Patrimônio Cultural, Museologia e História da Vida Privada.

Dayana Oliveira Formiga, Centro Universitário Adventista de São Paulo

Doutora em História Social da Ciência pela Universidade de São Paulo (2018). Mestra em História Social da Ciência pela Universidade de São Paulo (2007). Licenciatura em História pela Universidade Estadual de Londrina (2003), atuando nas áreas de História da Ciência e Tecnologia, Genética, Teoria da História e Ensino de História. Desde 2010 atuou como docente e orientadora de estágio no curso de Licenciatura em História e Pedagogia do Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP). Atualmente é coordenadora da Pós-Graduação em História e Arqueologia do Unasp e mestranda em História e Ensino na Universidade do Porto.

Carina Pereira de Oliveira Prestes

Atualmente é professora do Centro Universitário Adventista de São Paulo. Tem experiência na área de Arqueologia, com ênfase em Arqueologia do período bizantino e mulheres nos registros arqueológicos.

Rodrigo Pereira Silva, Centro Universitário Adventista de São Paulo

Possui graduação em Teologia pelo Instituto Adventista de Ensino do Nordeste (1992), graduação em Filosofia pelo Centro Universitário Assunção (1999), mestrado em Teologia Histórica pelo Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus - atual Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - FAJE (1996). Especialização em arqueologia pela Universidade Hebraica de Jerusalém (1998). Doutorado em Teologia Bíblica pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. Assunção - atualmente vindulada à PUC SP (2001). Estudos pós doutorais com concentração em arqueologia bíblica pela Andrews University, EUA (2008). Doutor em arqueologia clássica pela Universidade de São Paulo com bolsa da Capes a partir de novembro de 2010 a março de 2011. É professor de Teologia e Arqueologia do Centro Universitário Adventista de São Paulo - Campus Engenheiro Coelho, SP (UNASP-ec), curador do MAB, Museu de Arqueoologia Bíblica do UNASP e apresentador do documentário semanal "Evidências", transmitido pela TV Novo Tempo.

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Publicado

2025-01-14

Como Citar

Micael Santos, S. H., Formiga, D. O., Prestes, C. P. de O., & Silva, R. P. (2025). Opus Sectile e a romanização na Judeia: Uma análise com base no acervo do Museu de Arqueologia Bíblica do Centro Universitário Adventista de São Paulo. Cordis: Revista Eletrônica De História Social Da Cidade, (34), e68773. https://doi.org/10.23925/2176-4174.34.2025e68773