As mulheres forras recorrendo à justiça

O caso da preta Lizarda da Silva e do seu filho Abílio

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/2176-4174.36.2025e72947

Palavras-chave:

História das mulheres, Sertões da Bahia, Mobilidade social

Resumo

O presente artigo pretende analisar as estratégias de mobilidade social desenvolvidas por mulheres libertas, a partir do trabalho e de outros agenciamentos, na Imperial Vila da Vitória (localizada em uma região conhecida como Sertão da Ressaca, atual município de Vitória da Conquista-BA), entre 1840-1888. Para tanto, parte-se de uma cartografia da trajetória da preta liberta Lizarda da Silva, que lutou para obter a autonomia do seu filho ingênuo de nome Abílio, que estava sob tutela do antigo senhor de sua mãe. A partir da análise de uma fonte judicial, conjuntamente à legislação da época e à historiografia, pretende-se aqui mostrar a ação ativa das mulheres forras para alcançar seus objetivos, valendo-se dos trâmites judiciais para obter a autonomia para si e para os seus. Ademais, busca-se demonstrar como a mobilidade social em uma sociedade hierarquizada e marcada pela lógica escravista e patriarcal, poderia ter diferentes significados.

Biografia do Autor

Sandy Ferro Novais, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Licenciada em História pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

Amanda Souza Ávila Lobo, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Graduada em Licenciatura Plena em História pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Possui Pós-Graduação Lato Sensu em Memória, História e Historiografia pela mesma Instituição. Mestre e Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade (PPGMLS) da UESB.

Referências

Referências documentais e bibliográficas.

Fonte manuscrita:

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Publicado

2025-08-14

Como Citar

Novais, S. F., & Lobo, A. S. Ávila . (2025). As mulheres forras recorrendo à justiça: O caso da preta Lizarda da Silva e do seu filho Abílio. Cordis: Revista Eletrônica De História Social Da Cidade, (36), e72947. https://doi.org/10.23925/2176-4174.36.2025e72947