As mulheres forras recorrendo à justiça
O caso da preta Lizarda da Silva e do seu filho Abílio
DOI :
https://doi.org/10.23925/2176-4174.36.2025e72947Mots-clés :
História das mulheres, Sertões da Bahia, Mobilidade socialRésumé
O presente artigo pretende analisar as estratégias de mobilidade social desenvolvidas por mulheres libertas, a partir do trabalho e de outros agenciamentos, na Imperial Vila da Vitória (localizada em uma região conhecida como Sertão da Ressaca, atual município de Vitória da Conquista-BA), entre 1840-1888. Para tanto, parte-se de uma cartografia da trajetória da preta liberta Lizarda da Silva, que lutou para obter a autonomia do seu filho ingênuo de nome Abílio, que estava sob tutela do antigo senhor de sua mãe. A partir da análise de uma fonte judicial, conjuntamente à legislação da época e à historiografia, pretende-se aqui mostrar a ação ativa das mulheres forras para alcançar seus objetivos, valendo-se dos trâmites judiciais para obter a autonomia para si e para os seus. Ademais, busca-se demonstrar como a mobilidade social em uma sociedade hierarquizada e marcada pela lógica escravista e patriarcal, poderia ter diferentes significados.
Références
Referências documentais e bibliográficas.
Fonte manuscrita:
ª vara Cível da Comarca de de Vitória da Conquista. Sessão judiciário - CEREMH. Autração de uma petição de Lizarda da Silva, relativamente a seu filho de nome Abílio. 1886. Caixa: 32.
Fonte impressa:
BIBLIOTECA NACIONAL. Coleção das Leis do Império do Brasil de 1871. Tomo XXXI, Pt. 1, Rio de Janeiro, 1871, Lei do Brasil n° 2040 de 28 de setembro de 1871 - Lei do Ventre Livre, Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1871.
Fonte consultada na internet:
BRASIL. Decreto nº 5.135, DE 13 de novembro de 1872. Approva o regulamento geral para a execução da lei nº 2040 de 28 de Setembro de 1871. [S.l], 13 nov. 1872. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-5135-13-novembro-1872-551577-publicacaooriginal-68112-pe.html. Acesso em: 16 jan. 2024.
BRASIL. Lei de 18 de agosto de 1831. Crêa as Guardas Nacionaes e extingue os corpos de milicias, guardas municipaes e ordenanças. [S.l], 18 ago. 1831. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-37497-18-agosto-1831-564307-publicacaooriginal-88297-pl.html. Acesso em: 18 jan. 2024.
Referências bibliográficas.
ALMEIDA, Kátia Lorena Novais. Alforrias em Rio de Contas – Bahia Século XIX. 2006. 173f. Dissertação (Mestrado em História Social). Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2006. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/11233. Acesso em: 05 jan. 2024.
ARIZA, Marília B. A. Mães libertas, filhos escravos: desafios femininos nas últimas décadas da escravidão em São Paulo. Revista Brasileira de História. São Paulo, v.38, n.79, p. 151-171, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbh/a/FjqqKdS8HgVLbQbfqNNWr8C/. Acesso em: 03 jan. 2024.
_______. O longo caminho: usos da Lei do Ventre Livre por mães libertas (São Paulo, década de 1880). In: CARULA, Karoline; ARIZA, Marília B (orgs). Escravidão e maternidade no mundo atlântico: corpo, saúde, trabalho, família e liberdade nos seculos XVIII e XIX. Niterói: Eduff, cap.5, parte III, p. 322-352, 2022.
CHALHOUB, Sidney. Visões da Liberdade: Uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo: Companhia de Bolso, 2011.
COLLING, A. M.; TEDESCHI, L. A. O ensino da história e os estudos de gênero na historiografia brasileira. Revista História & Perspectivas, Uberlândia, v. 28, n. 53, p. 295-314, 2016. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/historiaperspectivas/article/view/32777. Acesso em: 20 ago. 2023.
COSTA, Lenira Lima da. A Lei do Ventre Livre e os caminhos da liberdade em Pernambuco, 1871-1888. 2007. 150f. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal do Pernambuco, Recife, 2007. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7431. Acesso em: 22 jan. 2024.
COWLING, Camillia. O Fundo de Emancipação "Livro de Ouro" e as mulheres escravizadas: gênero, abolição e os significados da liberdade na Corte, anos 1880. In: XAVIER, Giovana; FARIAS, Juliana; GOMES, Flávio (orgs). Mulheres negras no Brasil escravista e do pós-emancipação. São Paulo: Selo Negro Edições, 2012, cap. 14, p. 214-227.
DAMASCENO, Karine Teixeira. Para Serem Donas de Si: Mulheres Negras Lutando em Família (Feira de Santana, Bahia, 1871-1888). 243f. Tese (Doutorado em História). Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2019. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/33177. Acesso em: 15 jan. 2024.
DEL PRIORE, Mary. História das mulheres: as vozes do silêncio. In: FREITAS, Marcos Cezar (Org.). Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo: Contexto, 1998, cap. 1, parte II, p. 217-236.
DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Felix. Mil Platôs. Vol. 3. São Paulo: Editora 34, 1996.
DIAS, Eliana Pólvora; NASCIMENTO, Washington Santos. Cozinheiras, Fiandeiras, Gomadeiras: A Escrava na Imperial Vila da Vitória – Século XIX. VI colóquio do Museu Pedagógico, Vitória da Conquista, p. 307-318, 27 a 29 nov, 2006. Disponível em: https://anais.uesb.br/index.php/cmp/article/viewFile/1814/1639. Acesso em: 20 dez. 2023.
DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Teoria e método dos estudos feministas: perspectiva histórica e hermenêutica do cotidiano. In: COSTA, Albertina de Oliveira; BRUSCHINI, C. (Orgs.). Uma questão de gênero. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos; São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1992.
GUEDES, Roberto Ferreira. Egressos do cativeiro: trabalho, família, aliança e mobilidade social. Porto Feliz, São Paulo, c.1798-c.1850. Rio de Janeiro: Mauad, 2008, 401p.
MATTOSO, Katia M. de Queirós. O filho da Escrava (Em Torno da Lei do Ventre Livre). Revista Brasileira de História. São Paulo, v.8, n.16, p.37-55, mar./ago, 1988.
MIRANDA, Ana Caroline Carvalho. Sociabilidade e relações econômicas de mulheres forras na Vila de Pitangui (1750-1820). 2017. 148f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2017. Disponível em: https://www.repositorio.ufop.br/items/d3fea7e0-631f-4be7-b9fc-234d2bf2b087. Acesso em: 17 jan. 2024.
PAIVA, Eduardo França. Escravos e Libertos nas Minas Gerais do século XVIII: estratégias de resistência através dos testamentos. 3ed. São Paulo: Annablume, 2009.
_______. Mulheres de diversas “qualidades” e seus testamentos na colonial, escravista e mestiça capitania das Minas Gerais. In: XAVIER, Giovana; FARIAS, Juliana; GOMES, Flávio (orgs). Mulheres negras no Brasil escravista e do pós-emancipação. São Paulo: Selo Negro Edições, 2012, cap.1 p.11-23.
SOARES, Márcio de Sousa. Manumissão e mobilidade social em Campos dos Goitacases: 1750-1830. In: BOTELHO, Tarcísio R.; LEEUWEN, Marco H. D. van (orgs.). Mobilidade social em sociedades coloniais e pós-coloniais: Brasil e Paraguai, séculos XVIII e XIX. 1.ed. Belo Horizonte: Veredas & Cenários, 2009, cap.3, p.87-136.
SÔNEGO, Márcio Jesus Ferreira. Os diversos usos da Lei do Ventre Livre (1871): Controle senhorial e conquistas cativas na fronteira oeste do Rio Grande do Sul (Alegrete, século XIX). Historiæ, Rio Grande, v.12, n.2, p.177-197, 2021. Acesso em: 23 jan. 2024
SILVA, Maciel Henrique Carneiro da. Pretas de honra: trabalho, cotidiano e representações de vendeiras e criadas no Recife do século XIX (1840-1870). 299f. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2004. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7825?locale=en. Acesso em: 22 jan. 2024.
_______. Domésticas criadas entre textos e práticas sociais: Recife e Salvador (1870-1910). 2011. 373f. Tese. (Doutorado em História). Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2011. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/13360/1/Tese%20-%20Maciel%20Henrique%20Carneiro%20da%20Silva.pdf. Acesso em: 22 jan. 2024
SOUZA, Flávia Fernandes de. Escravas do lar: as mulheres negras e o trabalho doméstico na Corte Imperial. In: XAVIER, Giovana; FARIAS, Juliana; GOMES, Flávio (orgs). Mulheres negras no Brasil escravista e do pós-emancipação. São Paulo: Selo Negro Edições, 2012, cap. 16, p.244-261.
Téléchargements
Publié-e
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
© Sandy Ferro Novais, Amanda Souza Àvila Lobo 2025

Cette œuvre est sous licence Creative Commons Attribution 4.0 International.

