Um dispositivo de intervenção com professores de Centros de Estudos de Línguas (CEL): o trabalho de ensino do francês em debate
DOI:
https://doi.org/10.1590/1678-460X202440257285Palabras clave:
intervenção, formação de professores, trabalho de ensino, linguística aplicada, autoconfrontação cruzadaResumen
Este artigo objetiva descrever o dispositivo de intervenção formativa baseado na análise das práticas realizado com um grupo de professores de francês de Centros de Estudos de Línguas (CEL) da rede pública de ensino do Estado de São Paulo (Silva, 2023) e apontar, através de uma análise linguístico-discursiva (Bulea & Bronckart, 2012), de que maneira a intervenção pode proporcionar uma dinâmica de interpretação da atividade (Bronckart, 2008b). A pesquisa qualitativa realizada a partir dessa intervenção se fundamenta no paradigma interacionista social (Vygotski, 1934/1997), nos pressupostos teórico-metodológicos do Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart, 2017) e na Clínica da Atividade (Clot, 1999). O corpus analisado se constitui das transcrições de entrevistas em aloconfrontação (Mollo & Falzon, 2004; Leblanc, 2014) e autoconfrontação cruzada (Clot & Faïta, 2000). As análises discutidas neste trabalho demonstram de que maneira o conflito do métier de professor de francês como língua estrangeira se configura discursivamente e corrobora a ideia de que o debate interpretativo sobre o trabalho pode possibilitar a transformação das significações das experiências vividas.
Citas
Amigues, R. (2003). Pour une approche ergonomique de l’activité enseignante. Skhôle, v. hors-série, pp. 5-16.
Amigues, R. (2009). Le travail enseignant : prescriptions et dimensions collectives de l’activité. Les Sciences de l’éducation - Pour l’Ère nouvelle, 42(2), 11-26. https://doi.org/10.3917/lsdle.422.0011
Authier-Revuz, J. (1998). Palavras incertas: as não-coincidências do dizer. Editora da Unicamp.
Barricelli, E. (2012). Transformações e conflitos no processo de elaboração, de difusão e de utilização de instruções oficiais de educação infantil: um estudo genealógico. [Tese de Doutoramento em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem]. Repositório PUCSP. Disponível em: https://ariel.pucsp.br/handle/handle/13579
Bronckart, J.-P. (1999). Atividade de Linguagem, Textos e Discursos: por um interacionismo sócio-discursivo. EDUC.
Bronckart, J.-P. (2006). Atividade de Linguagem, Discurso e Desenvolvimento Humano. Mercado de Letras.
Bronckart, J.-P. (2008). O agir nos discursos: das concepções teóricas às concepções dos trabalhadores. Mercado de Letras.
Bronckart, J.-P. (2008b). Un retour nécessaire sur la question du développement. In M. Brossard, & J. Fijalkow (Eds.), Vygotski et les recherches en éducation et en didactiques (pp. 237-250). Presses Universitaires de Bordeaux.
Bronckart, J.-P. (2017). Développement du langage et développement psychologique. L’approche de l’interactionnisme socio-discursif. Veredas, 21(3), 30-46. https://doi.org/10.34019/1982-2243.2017.v21.27992
Bueno, L. (2007). A construção de representações sobre o trabalho docente: o papel do estágio. [Tese de Doutoramento em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem]. Repositório da PUC SP. Disponível em: https://tede2.pucsp.br/handle/handle/13919
Bulea, E., & Bronckart, J.-P. (2012). Les représentations de l’agir enseignant dans le cadre du genre entretien. Raído, 6(1), 131-149. Disponível em: http://ojs.ufgd.edu.br/index.php/Raido/article/view/1780
Bulea-Bronckart, E. (2019). Des « jeux sémiologiquesnçais. Canadian Modern Language Review, 50(1), 15-29. https://doi.org/10.3138/cmlr.50.1.15
Castellotti, V. (2001). La langue maternelle en classe de langue étrangère. CLE International.
Celani, M. A. A. (1998) Transdisciplinaridade na Linguística Aplicada no Brasil. In I. Signorini & M. Cavalcanti (Eds.), Lingüística Aplicada e Transdisciplinaridade (pp.115-126). Mercado de Letras.
Clot, Y. (1999). La fonction psychologique du travail. PUF.
Clot, Y. (2003). Vygotski, la conscience comme liaison. In Y. Clot (Ed.). Conscience, inconscient, émotions (pp. 7-59). La Dispute.
Clot, Y. (2008). Travail et pouvoir d’agir. PUF.
Clot, Y. (2011). Théorie en clinique de l’activité. In B. Maggi (Ed.), Interpréter l’agir: un défi théorique (pp. 17-39). PUF.
Clot, Y., & Caroly, S. (2004). Du travail collectif au collectif de travail - Des conditions de développement des stratégies d’expérience, comparaison entre deux bureaux de poste. Formation et Emploi, 88, 43-55.
Clot, Y., & Faïta, D. (2000). Genres et styles en analyse du travail. Concepts et méthodes. Travailler, 4, 7-42.
Dantas-Longhi, S. M. (2017). A formação como trabalho. Análise da atividade do tuteur-formador de professores de francês como língua estrangeira. [Tese de Doutoramento em Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês]. Banco de Teses da USP. https://doi.org/10.11606/T.8.2018.tde-12042018-130159
Dantas-Longhi, S. M. (2013). Como os jogos podem revelar outras dimensões do trabalho do professor de língua estrangeira? [Dissertação de mestrado em Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês]. Banco de Teses da USP. https://doi.org/10.11606/D.8.2013.tde-30072013-103516
Duarte, N. A. (2017). O papel das entrevistas de aloconfrontação na formação de professores iniciantes de Francês como língua estrangeira. [Dissertação de mestrado em Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês]. Banco de Teses da USP. https://doi.org/10.1017/CBO9781107415324.004
Faïta, D. (2004). Gêneros de discurso, gêneros de atividade, análise do professor. In A. R. Machado (Ed.), O ensino como trabalho: uma abordagem discursiva (pp. 55-80). Eduel.
Faïta, D., & Saujat, F. (2010). Développer l’activité des enseignants pour comprendre et transformer leur travail : un cadre théorique et méthodologique. In F. Yvon, & F. Saussez (Eds.), Analyser l’activité enseignante : des outils méthodologiques et théoriques pour l’intervention et la formation (pp. 41-69). Presses de l’Université de Laval.
Fazion, F. (2017). A elaboração de Livro Didático baseado em gêneros textuais por professores de francês: análise de uma experiência. [Tese de Doutoramento em Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês]. Banco de Teses da USP. https://doi.org/10.11606/T.8.2017.tde-08022017-120300
Félix, M.-C., & Saujat, F. (2015). L’intervention-recherche en milieu de travail enseignant comme moyen de formation. In V. Borer, M. Durand, & F. Yvon (Eds.), Analyse du travail et formation dans les métiers de l’éducation (pp. 201-18). De Boeck Supérieur. https://doi.org/10.3917/dbu.lussi.2015.01.0199
Filliettaz, L., & Trébert, D. (2015). Le travail comme objet d’analyse dans les espaces interprétatifs de l’alternance : le cas de la formation professionnelle en éducation de l’enfance. In V. L. Borer (Ed.), Analyse du travail et formation dans les métiers de l’éducation (pp. 159-178). De Boeck Supérieur. https://doi.org/10.3917/dbu.lussi.2015.01.0159
Friedrich, J. (2012). Lev Vigotski - Mediação, Aprendizagem e Desenvolvimento. Uma leitura filosófica e epistemológica. Mercado de Letras.
Gajo, L. (2001). Immersion, bilinguisme et interaction. Didier.
Goigoux, R. (2007). Un modèle d’analyse de l’activité des enseignants. Éducation et didactique, 1(3), 47-69. https://doi.org/10.4000/educationdidactique.232
Guérin, F. , Laville, A., Daniellou, J., Duraffourg, J., & Kerguelen, A. (2001). Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da ergonomia. Blücher.
Kostulski, K., Clot, Y., Litim, M., & Plateau, S. (2011). L’horizon incertain de la transformation en clinique de l’activité. Activités, 8(1), s.p. https://doi.org/10.4000/activites.2456
Leblanc, S. (2014). Vidéo formation et transformations de l’activité professionnelle. Activités, 11(2), 143-171. https://doi.org/10.4000/activites.968
Lousada, E. G. (2006). Entre trabalho prescrito e realizado: um espaço para a emergência do trabalho real do professor. [Tese de Doutoramento em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem]. Repositório da PUCSP. Disponível em: https://tede2.pucsp.br/handle/handle/13806
Lousada, E. G. (2011). A emergência da voz do métier em textos sobre o trabalho do professor. In A. M. Machado, E. G. Lousada, & A. D. Ferreira (Eds.), O professor e seu trabalho: a linguagem revelando práticas docentes (pp. 61-96). Mercado de Letras.
Lousada, E. G. (2011b). Aprendendo o “métier” de professor: uma análise de textos produzidos em situação de formação inicial de professores de francês. In P. T. C. Szundy, J. C. Araújo, C. S. Nicolaides, & K. A. Silva (Eds), Linguística Aplicada e Sociedade. Pontes Editora.
Lousada, E. G. (2017). Intervenção, pesquisa e formação: aprendizagem do trabalho educacional e desenvolvimento de professores. Horizontes, 35(3), 94-104. https://doi.org/10.24933/horizontes.v35i3.559
Lousada, E. G. (2019). Dialogues avec la Clinique de l’Activité et contributions pour la coanalyse de l’activité de travail de l’enseignant. 21 slides. Conferência Plenária no IV Colóquio Internacional de Clínica da Atividade. Bragança, São Paulo, Brasil.
Lousada, E. G. (2021). O papel da língua materna no ensino do francês como língua estrangeira: uma velha questão rediscutida à luz das ciências do trabalho. Horizontes, 39(1), e021038. https://doi.org/10.24933/horizontes.v39i1.1285
Lüdi, G., & Py, B. (2013). Être bilingue (4 ed.). Peter Lang S.A.
Lussi Borer, V., & Müller, A. (2016). L’enquête collaborative comme démarche de transformation de l’activité d’enseignement : de la formation initiale à la formation continuée. In V. Lussi Borer, L. Ria (Eds.), Apprendre à enseigner (pp. 193-207). Presses universitaires de France. Disponível em: https://archive-ouverte.unige.ch/unige:112087
Machado, A. R. (2004). O ensino como trabalho: uma abordagem discursiva. EDUEL.
Machado, A. R. (2007). Por uma concepção ampliada do trabalho do professor. In A. M. Guimarães, A. R. Machado, & A. Coutinho (Eds.), O interacionismo sociodiscursivo: questões epistemológicas e metodológicas (pp. 77-97). Mercado de Letras.
Maingueneau, D. (2001). Análise de textos de comunicação. Cortez.
Marion, C., & Houlfort, N. (2015). Transfert de connaissances issues de la recherche en éducation: situation globale , défis et perspectives. Nouveaux cahiers de la recherche en éducation, 18(2), 56-89. https://doi.org/10.7202/1036033ar
Mollo, V., & Falzon, P. (2004). Auto- and allo-confrontation as tools for reflective activities. Applied Ergonomics, 35(6), 531-540. https://doi.org/10.1016/j.apergo.2004.06.003
Pastré, P. (2011) La didactique professionnelle. Presses Universitaires de France, 2011.
Prot, B. (2012). Les dilemmes génériques dans la conception des référentiels de l’activité professionnelle: une piste de travail. In F. Maillard (Ed.), Former, certifier, insérer. Effets et paradoxes de l’injonction à la professionnalisation des diplômes (pp. 223-240). Presses Universitaires de Rennes.
Ria, L., & Leblanc, S. (2011). Conception de la plateforme de formation Néopass@ction à partir d’un observatoire de l’activité des enseignants débutants : enjeux et processus. Activités, 8(2), 150-172. https://doi.org/10.4000/activites.2618
Rocha, S. M. (2023). Desenvolvimento de capacidades praxiológicas e verbalizações sobre obstáculos na construção de saberes do métier de professor de francês como língua estrangeira. [Tese de Doutoramento em Estudos Linguísticos]. Banco de Teses da USP. https://doi.org/10.11606/T.8.2023.tde-10082023-125124
Saujat, F. (2004). Comment les enseignants débutants entrent dans le métier. Formation et pratiques d’enseignement en questions, 1, 97-106. Disponível em: http://www.revuedeshep.ch/site-fpeq-n/Site_FPEQ/1.html
Saujat, F. (2007). Enseigner: un travail. In G. Chapelle, & V. Dupriez (Eds.), Enseigner (pp. 180-188). PUF.
Saujat, F. (2009). L’analyse du travail comme source et ressource de formation : le cas de l’orientation en collège. In M. Durand, & L. Fillietaz (Eds.), Travail et formation des adultes (pp. 245-274). Presses Universitaires de France. https://doi.org/10.3917/puf.duran.2009.01.0245
Saussez, F. (2016). Les visées développementales de la co-analyse de l’activité: une lecture critique à l’aide de la notion de Zone de Développement le plus Proche. Travail et Apprentissages. Revue de didactique professionnelle, 17, 121-148. https://doi.org/10.3917/ta.017.0121
Saussez, F., & Yvon, F. (2014). Problématiser l’usage de la co-analyse de l’activité en formation initiale à l’enseignement. In L. Paquay, P. Perrenoud, M. Altet, R. Étienne, & J. Desjardins. (Eds.), Travail réel des enseignants et formation (pp. 113-126). De Boeck Supérieur. https://doi.org/10.3917/dbu.paqua.2014.01.0113
Schneuwly, B. (1999). Le développement du concept de développement chez Vygotski. In Y. Clot (Ed.), Avec Vygotski (pp. 267-280). La Dispute.
Silva, E. C. (2014). L’analyse du travail enseignant pour la formation: enjeux et possibilités d’une expérience d’appropriation du cadre méthodologique de l’auto-confrontation. Non Plus, 5, 95-114. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2316-3976.v3i5p95-114
Silva, E. C. (2015). O vivido, o revivido e os possíveis do desenvolvimento em diálogo: um estudo sobre o trabalho do professor de FLE com os conteúdos culturais. [Dissertação de mestrado em Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês]. Banco de Teses da USP. https://doi.org/10.11606/D.8.2015.tde-29062015-125936