Docência e Aprendizagem de Matemática: humanos e não humanos
DOI:
https://doi.org/10.23925/2358-4122.2022v9i359000Palavras-chave:
Epistemologia do professor, Aprendizagem, Aprendizagem “matemática” de mamíferos, Papéis de professor e alunoResumo
O texto apresenta a terceira parte da pesquisa Epistemologia do Professor de Matemática, cujos dados foram coletados no Peru, no Chile e no Uruguai, mediante entrevistas a 17 professores. O objetivo é o de identificar as concepções epistemológicas que fundamentam o ensino de Matemática e verificar se tais concepções assemelham-se às encontradas no Brasil: empiristas, fundamentadas por aprioristas e raras construtivistas. Os objetivos específicos são saber como os docentes explicam as capacidades de aprendizagem de seus alunos, cotejando-as com as de mamíferos não humanos, as dificuldades de aprendizagem e como compreendem as funções de professor e de aluno na sala de aula. Analisam-se, para isso, as respostas às questões 9 a 11, dentre as 24 da pesquisa, feitas a docentes de todos os níveis de ensino. Como nas análises anteriores, as respostas obtidas assemelham-se às de docentes brasileiros quanto à predominância de concepções epistemológicas empiristas, fundadas por aprioristas, sem consciência da contradição, e raras construtivistas que aparecem esparsas. A afirmação de que as capacidades racionais são a priori ou inatas e o ensino, formal ou informal, as aperfeiçoa é recorrente; nada aparece que dialetize hereditariedade e meio. Evidencia-se contexto propício para se confundir percepção e razão, atribuindo àquela o que é próprio desta. Dali a dificuldade de distinguir matemática humana de “matemática” de outros mamíferos. Desfazem-se, por isso, concepções de aprendizagem e de ensino que valorizem a ação constitutiva do sujeito epistêmico. Os dados afirmam a hegemonia do ensino frente à aprendizagem. A referência teórica básica é a Epistemologia Genética. A pesquisa é qualitativa, de tipo exploratória, e os dados são organizados de acordo com categorias retiradas das respostas dos docentes tendo em vista suas concepções epistemológicas: empirismo, apriorismo, construtivismo.
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