Meu nome daria um romance
a função da autoria e seus limites em Romain Gary
DOI:
https://doi.org/10.23925/1983-4373.2020i25p45-59Palavras-chave:
Romain Gary, psicanálise, suicídio, heteronímia, pseudonímia.Resumo
Este artigo aborda a pseudonímia e a heteronímia na obra do escritor Romain Gary (1914-1980), a fim de considerar a função psíquica desses fenômenos. Nascido em Vilna, na Lituânia, de origem judaica, Gary imigrou para a França na adolescência. Por duas vezes foi agraciado com o Prêmio Goncourt, uma delas por um livro publicado com o pseudônimo Émile Ajar, o que gerou uma grande polêmica porque, tradicionalmente, o Goncourt só pode ser concedido uma única vez a um autor. Uma breve incursão na teoria literária será feita para considerar a noção de autoria e, em seguida, tendo em vista o suicídio do escritor, serão utilizadas algumas noções freudianas a fim de verificar a hipótese de que o autoextermínio de Gary coincidiu com os aspectos disfuncionais de um processo por meio do qual o escritor buscava simultaneamente a invenção de si mesmo, o reconhecimento e o anonimato.
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