Meu nome daria um romance

a função da autoria e seus limites em Romain Gary

Autores/as

  • Ana Cecilia Carvalho Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.23925/1983-4373.2020i25p45-59

Palabras clave:

Romain Gary, psicanálise, suicídio, heteronímia, pseudonímia.

Resumen

Este artigo aborda a pseudonímia e a heteronímia na obra do escritor Romain Gary (1914-1980), a fim de considerar a função psíquica desses fenômenos. Nascido em Vilna, na Lituânia, de origem judaica, Gary imigrou para a França na adolescência. Por duas vezes foi agraciado com o Prêmio Goncourt, uma delas por um livro publicado com o pseudônimo Émile Ajar, o que gerou uma grande polêmica porque, tradicionalmente, o Goncourt só pode ser concedido uma única vez a um autor. Uma breve incursão na teoria literária será feita para considerar a noção de autoria e, em seguida, tendo em vista o suicídio do escritor, serão utilizadas algumas noções freudianas a fim de verificar a hipótese de que o autoextermínio de Gary coincidiu com os aspectos disfuncionais de um processo por meio do qual o escritor buscava simultaneamente a invenção de si mesmo, o reconhecimento e o anonimato. 

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Métricas

Cargando métricas ...

Biografía del autor/a

Ana Cecilia Carvalho, Universidade Federal de Minas Gerais

Professora Associada (aposentada) do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais, psicanalista, escritora.

Citas

ALMEIDA, C. M. P. O túmulo aberto: Nancy Huston relendo Romain Gary. 2004. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Letras Neolatinas, Rio de Janeiro.

ALMEIDA, C. M. P. A língua estrangeira na construção de identidades. 2011, p. 1-6. Disponível em: https://apfmg.com.br/A-língua-estrangeira-na-construção-de-identidades.pdf. Acesso em: 10 ago. 2020.

ALVES, M. A. S. A autoria em questão a partir de Michel Foucault: autor, discurso, sujeito e poder. Rio de Janeiro: Matraga, v. 22, n. 37, jul./dez. 2015, p. 79-97.

ANDERSON, H. Romain Gary: The greatest literary conman ever? BBC Culture. 19th June 2018. Disponível em: https://www,bbc/culture/article/20180619-romain-gary-the-greatest-literary-bad-boy-of-all. Acesso em: 10 ago. 2020.

BAENA, V. The greatest literary impostor of all time deserves to be remembered. Tablet. December 02, 2015. Disponível em: https://www.tabletmag.com/sections/arts-letters/articles/romain-gary-literary-impostor. Acesso em: 10 ago. 2020.

BARTHES, R. Novos ensaios críticos: o grau zero da escritura. Trad. Anne Arnichand e Alvaro Lorencini. São Paulo: Cultrix, 1972.

BELLOS, D. Romain Gary: A tall story. London: Harvill Secker, 2010.

BECKERMAN, G. Underneath Roman Gary’s many masks. The New York Times, Dec. 13, 2017. Disponível em: http://www.com/2016/12/12/books/review/romain-gary-promise-at-dawn-the-kites.html. Acesso em: 10 ago. 2020.

BLANCHOT, M. O livro por vir. Trad. Maria Regina Louro. Lisboa: Relógio D’água Ltda, 1984. 226 p.

BORGES, J. L. Borges e eu. In: Borges, J. L. Obras completas, v. 2, vários tradutores. São Paulo: Globo, 2000. 206 p. (O fazedor, 1960, Trad. Josely Vianna Baptista).

BRANDAO, R. S. Jorge (Luis) Borges: o guardião de Babel. In: CASTELLO BRANCO, L.; BRANDÃO, R. S. Literaterras: as bordas do corpo literário. São Paulo: AnnaBlumme/UFMG, 1995. p. 41-52.

BRANDAO, R. S. O estilete que faz escrita. In: BRANDÃO, R. S. Literatura e psicanálise. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1996. p. 46-54.

CARVALHO, A. C. A poética do suicídio em Sylvia Plath. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2003.

FELMAN, S.; LAUB, L. Testimony: Crisis of witnessing in literature, psychoanalysis and history. New York/London: Routledge, Chapman and Hall, Inc., 1992.

FOUCAULT, M. O que é um autor? Trad. Laura Fraga de A. Sampaio. São Paulo: Ed. Loyola, 1969/1996.

FREUD, S. Luto e melancolia. In: FREUD, S. A história do movimento psicanalítico, artigos sobre metapsicologia e outros trabalhos. Trad. O. Brito, Paulo Henriques Britto e Christiano Monteiro Oiticica. Rio de Janeiro: Imago, 1915/1974. p. 271-291 (Edição Standard Brasileira das Obras Completas de S. Freud, volume XIV).

FREUD, S. O ego e o id. In: FREUD, S. O ego e o id e outros trabalhos. Trad. José Octavio de Aguiar Abreu. Rio de Janeiro: Imago, 1923/1976. p. 13-83 (Edição Standard Brasileira das Obras Completas de S. Freud, volume XIX).

GARMAN, E. Great pretenders. Tablet, October 31, 2007. Disponível em: https://www.tabletmag.com/sections/arts-letters/articles/great-pretenders. Acesso em: 10 ago. 2020.

GARY, R. Promise at dawn: a memoir. (Trad. John Markham Beach do original La promesse de l’aube, Gallimard, 1960). New York: Harper, 1961. [Publicado em português com o título A promessa, Editora Livros do Brasil, 2019].

GARY, R. (Émile Ajar). The life before us. (Trad. Ralph Manheim do original La vie devant soi. Paris: Editions Gallimard, 1975). New York: New Directions Pub. Corporation, 1986. [Publicado em português com o título A vida pela frente. Editora Sextante, 2011; Editora Todavia, 2019].

GARY, R. Life and death of Émile Ajar. In: GARY, R. King Solomon: a novel. (Trad. Barbara Wright do original L’angoisse du roi Salomon, de Emile Ajar, Mercure de France, 1979). New York: Harper&Row, 1983, p. 241-255.

GARY, R. Hogus Bogus: Romain Gary writing as Émile Ajar. (Trad. David Bellos do original Pseudo, Mercure de France, 1976, publicado com o nome de Emile Ajar). New Haven and London: Yale University Press, 2010.

GARY, R. King Solomon. (Trad. Barbara Wright do original L’angoisse du Roi Salomon, Mercure de France, 1979, publicado com o nome de Émile Ajar). New York: Harper & Row Publishers, 1983.

GARY, R. The dance of Gengis Cohn. (Trad. Camilla Sykes do original La danse de Gengis Cohn, Paris: Gallimard, 1967). Cleveland: World Publishing, 1968.

GREEN, A. A reserva do incriável. In: GREEN, A. O desligamento: psicanálise, antropologia e literatura. Trad. Irene Cubric. Rio de Janeiro: Imago, 1994. p. 245-265.

HANCIAU, N. J. O túmulo aberto: Nancy Huston relendo Romain Gary. Alea, v. 6, n. 1, jan.-jun. 2004, p. 180-185.

HUSTON, N. Tombeau de Romain Gary. Actes Sud: Babel, 1995.

HUSTON, N. Romain Gary: A foreign body in French literature. In: SULEIMAN, S. R. (Ed.). Exile and creativity. Durham and London: Duke University Press, 1998. p. 281-304.

LEJEUNE. P. The autobiographical pact. In: Lejeune, P. On autobiography. Trad. Katherine Leary. Minneapolis/London: University of Minnesota Press, 1995, p. 3-30.

MUCHAIL, S. T. Michel Foucault e o dilaceramento do autor. Margem, São Paulo, n.16, dez. 2002, p. 129-135.

NASCIMENTO, L. Despertar para a noite e outros ensaios sobre a Shoah. Belo Horizonte: Quixote+Do, 2018.

SCHWARTZ, M. Romain Gary: a short biography. The Harvard Advocate. Disponível em: https://www.theharvardadvocate.com/content/romain-gary-a-short-biography. Acesso em: 10 ago. 2020.

SILVA JUNIOR, N. Um estado de alma é uma paisagem...: explorações da espacialidade em Fernando Pessoa e Freud. Revista Percurso, São Paulo, n. 15-2/1995, p. 26-34.

SOUZA, E. M. Borges, autor das Mil e Uma noites. Belo Horizonte: Editora UFMG/Secretaria Municipal de Cultura de Belo Horizonte, 1993.

Publicado

2020-12-07

Cómo citar

Carvalho, A. C. (2020). Meu nome daria um romance: a função da autoria e seus limites em Romain Gary. FronteiraZ. Revista Del Programa De Estudios Posgrado En Literatura Y Crítica Literaria, (25), 45–59. https://doi.org/10.23925/1983-4373.2020i25p45-59