A arte como cristalização do absoluto e redenção do corpo: sacralidade e efemeridade em Cântico Final, na literatura e no cinema
DOI:
https://doi.org/10.23925/1983-4373.2021i26p62-77Palavras-chave:
Literatura, Cinema, Corpo, Vergílio Ferreira, Cântico FinalResumo
O corpo no romance de Vergílio Ferreira constitui um dos símbolos centrais da sua criação e pensamento, pois traduz dimensão efémera e finita que é redimida pela Arte, verdadeira sublimação do físico em transcendente e eternidade. Pretendemos equacionar a presença desta sublimação artística em Cântico Final, romance e filme, consubstanciada na relação entre Mário e Elsa e na leitura que nos é oferecida por Vergílio Ferreira, transfigurada, posteriormente, pelo filme de Manuel Guimarães. Entre a literatura e o cinema, as relações intersemióticas são pautadas pela fidelidade na adaptação, o processo (re)criativo do realizador e a ascese da finitude do corpo à eternidade pela arte. De Vergílio Ferreira a Manuel Guimarães, a temática axial do romance é modelada pelas opções estéticas, diegéticas e ideológicas do realizador, que evidencia o fulcro narrativo, mas não resiste ao enquadramento epocal, modificando o epílogo e associando-lhe uma leitura simbólica que não existia no romance.