A Retórica Neoliberal

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DOI:

https://doi.org/10.23925/1983-4373.2022i28p138-152

Palavras-chave:

Retórica, Neoliberalismo, Ideologia, Discurso, Técnica

Resumo

No século XX, a linguística, a estilística e, mais tarde, os estudos em torno da filosofia da linguagem propiciaram a sobrevivência da arte retórica e passaram a rediscutir seus usos, combinados a diversas áreas do saber. Neste artigo, resgatam-se algumas acepções da arte de persuasão, levando em consideração: 1. os sentidos vinculados ao termo, entre a Antiguidade grega e o século XVIII; 2. os usos dessa técnica, durante o século XIX; e o entrelugar da arte de persuadir a partir dos anos de 1930. Delimitado o termo, pretende-se problematizar o uso enviesado de conceitos como meritocracia, concorrência, liberdade e empreendedorismo – pilares do discurso neoliberal, que vigoram pelo menos desde a década de 1980. Um dos objetivos do ensaio é discutir o emprego do termo retórica com o sentido que ele passou a veicular em nosso tempo.     

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Biografia do Autor

Jean Pierre Chauvin, Universidade de São Paulo

Professor de Cultura e Literatura Brasileira (Colônia/Império/República) na ECA, USP.

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Publicado

2022-07-12

Como Citar

Chauvin, J. P. (2022). A Retórica Neoliberal. FronteiraZ. Revista Do Programa De Estudos Pós-Graduados Em Literatura E Crítica Literária, (28), 138–152. https://doi.org/10.23925/1983-4373.2022i28p138-152