Angústia e o insignificante
DOI:
https://doi.org/10.23925/1983-4373.2025i34p236-254Palavras-chave:
Graciliano Ramos, Angústia, Sentimento de inferioridade, Sentimento de culpa, Pulsão de morteResumo
Apoiado teoricamente em Freud, o artigo defende que, no terceiro romance de Graciliano Ramos, Angústia (1936), o protagonista tenta se livrar do sentimento de “insignificância” sem perceber que, sob essa expressão, reside um embate entre seus desejos homicidas e a autocensura. Apesar de não chegar à sua mente, o conflito fornece vários sinais nesse sentido – desde lembranças de mortes, crimes e um persistente sentimento de culpa. A vã tentativa de se livrar do afeto por intermédio do assassinato do rival só intensifica a culpa, lançando-o numa espiral de fantasias, alucinações e delírio. Nesse ambiente, encontra-se Fernando Inguitai, que defendemos ser a representação dos impulsos destrutivos, parte da pulsão de morte.
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