Zonas de comutação na ficção de Mariana Enriquez

um modelo textual-receptivo da experiência fantástica

Resumo

Este artigo propõe uma metodologia de análise da experiência leitora do fantástico, denominada zonas de comutação, com o objetivo de mapear os mecanismos textuais que produzem a desestabilização do leitor. Fundamentado na Estética da Recepção (Iser, Eco, Jouve) e em diálogo com teóricos do fantástico (Todorov, Roas), o modelo investiga como a interação texto-leitor gera o efeito característico do gênero. A metodologia identifica quatro zonas — inquietude (afetiva), transgressão (ontológica), hesitação (cognitiva) e contágio (simbólica) — que operam em uma dinâmica de mútua intensificação chamada Efeito Espiralado. Para demonstrar sua aplicabilidade, o artigo realiza um estudo de caso do conto “A casa de Adela”, de Mariana Enriquez. A análise conclui que a metodologia é uma ferramenta eficaz para compreender como a obra da autora constrói o fantástico ao erodir sistematicamente os códigos de realidade do leitor, validando o modelo como uma contribuição para os estudos da área.