A desestabilização do insólito na narrativa de Evelyn Scott e William Faulkner

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1983-4373.2025i35p256-273

Palavras-chave:

Modernismo Sulista, Insólito, Gênero, Discursos Hegemônicos, Corporeidade

Resumo

Este artigo analisa comparativamente o uso do insólito nas obras dos modernistas sulistas Evelyn Scott, em Escapade (1923), e William Faulkner, em The sound and the fury (1929), com o objetivo de reavaliar o pioneirismo de Scott. A análise adota uma perspectiva crítica e feminista, tratando o insólito como um instrumento de resistência política e subjetiva, fundamentada no conceito de uncanny (estranho familiar) de teóricos como Nicholas Royle e Sigmund Freud. A pesquisa conclui que, embora ambos desestabilizem a narrativa, Evelyn Scott o faz de forma precursora, vinculando o insólito à corporeidade e à crítica de gênero. Assim, o trabalho evidencia que o apagamento histórico de Scott reflete a necessidade de revisão do discurso hegemônico masculino no cânone literário e o justo retorno da escritora como uma das vozes mais importantes do modernismo norte-americano.

 

Biografia do Autor

Maria das Graças Salgado, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ

Professora Associada de Inglês. Departamento de Letras e Comunicação. Também tradutora do English para Português e pesquisadora no campo da análise do discurso, tem publicado artigos sobre gênero, memória e emoção em diferentes formas de escrita da vida, como cartas e autobiografias. Traduziu, em 2012, as ultimas cartas do escritor austríaco Stefan Zweig e de sua mulher Lotte Zweig escritas durante o exílio do casal no Brasil, no períodod da Segunda Guerra Mundial. Acabou de traduzir a autobiografia de Evelyn Scott Escapade escrita durante seu exílio no Brazil da Primeira Guerra Mundial.

 

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Publicado

2025-12-17

Como Citar

Salgado, M. das G. (2025). A desestabilização do insólito na narrativa de Evelyn Scott e William Faulkner. FronteiraZ. Revista Do Programa De Estudos Pós-Graduados Em Literatura E Crítica Literária, (35), 256–273. https://doi.org/10.23925/1983-4373.2025i35p256-273