Os escritores que não queriam inventar
DOI:
https://doi.org/10.23925/1983-4373.2018i21p92-108Palabras clave:
Autoficção, Real, Sinceridade, Julián Fuks, Karl Ove Knausgård.Resumen
Existe em determinada vertente da literatura contemporânea um desejo manifesto por relatos que se aproximem do real e se distanciam de fórmulas e artifícios tradicionais da ficção, como enredo, clímax e resolução. Dentro dessa tendência, as autoficções, escritas autobiográficas, surgiram como uma possibilidade de expressão legítima da realidade e de uma certa noção de verdade. Essa perspectiva vai de encontro com um amplo entendimento, consolidado em diferentes frentes das ciências, de que é impossível a um sujeito expressar algo como a verdade dos fatos. Mesmo assim, o testemunho aparece na literatura como uma fonte de sinceridade, ainda mais autêntica que os discursos documentais. Este artigo analisa como essa questão é desenvolvida nas obras de dois escritores, A resistência, do brasileiro Julián Fuks, e Minha Luta, do norueguês Karl Ove Knausgård, que partem do desconforto com a fabulação e o compromisso com a realidade para a criação de um romance.