O testemunho marginal na poesia de GB Montsho

Resumen

A partir da noção de testemunho (Seligmann-Silva, 2023b), compreendido como uma ruptura com o saber e a estética coloniais, o presente artigo articula a análise do rap Luke Cage (2019) e do poema Bandeira vermelha (2021), assinados por GB Montsho, jovem poeta negro da cena carioca, com a finalidade de sustentar que a sua poesia, integrada à literatura marginal contemporânea (Faria; Penna; Patrocínio, 2015; Ferréz, 2005), além de realizar uma releitura do presente e do passado históricos, constrói uma virada subjetiva e étnica, que implica necessariamente uma discussão sobre raça e classe. Assumindo o posicionamento político como elemento constitutivo da experiência poética, criando outros registros de pensamento e linguagem, a poesia de GB Montsho estabelece outros pactos éticos e estéticos que colocam em questão tanto os dispositivos coloniais ainda vigentes e suas violências quanto toma para si a própria a narrativa da história, contribuindo para a criação de outros imaginários literários e político-culturais.