Do YouTube à notícia: vulnerabilidade e agência nas representações de crianças produtoras de conteúdo

Auteurs-es

Mots-clés :

infança e mídia, youtubers mirins, visibilidades infantis, imagem social da criança

Résumé

Este texto se origina de pesquisa que investiga a relação entre visibilidade, infância e participação na internet. O estudo analisa as representações de youtubers crianças em uma amostra de 43 notícias coletadas por meio de um alerta do buscador Google, entre os anos de 2017 e 2019. Com base na compreensão da notícia como produto cultural e na visibilidade infantil como imagem social das crianças, a metodologia do trabalho se valeu dos princípios da análise de conteúdo. Os achados parciais indicam que o protagonismo infantil de que gozam nas mídias sociais, particularmente no YouTube, é problematizado pelo conteúdo noticioso analisado, gerando repercussões sociais que, embora não celebrem tal protagonismo, não deixam de reconhecer acondição de sujeito das crianças.

Biographie de l'auteur-e

Renata Oliveira Tomaz, UFF

Pesquisadora pós-doc (PNPD/Capes), no Programa de Pós-graduação em Mídia e Cotidiano (PPGMC), da Universidade Federal Fluminense (UFF). Integrante do Projeto Digitalização e Democracia no Brasil, na Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP). Doutora (2017) e mestre (2011) em Comunicação e Cultura e graduada em jornalismo (2004) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).  Cofundadora da Rede de Pesquisa em Comunicação, Infâncias e Adolescências (Recria) e membro do Conselho Consultivo do Programa Criança e Consumo (Instituto Alana). Vencedora dos Prêmios Eduardo Peñuela 2018, concedido pela Compós, na categoria Melhor Tese de Doutorado, e Freitas Nobre 2016, concedido pela Intercom. Autora dos livros "Da negação da infância à invenção dos tweens: imperativos de autonomia na sociedade contemporânea" (Appris) e "O que você vai ser antes de crescer? Youtubers, Infância e Celebridades" (EdUFBA). Os interesses de pesquisa se concentram nas áreas de mídia, infância, juventude, protagonismos sociais, subjetividades contemporâneas, culturas digitais, maternidade e redes sociais.

Références

ABIDIN, Crystal. #familygoals: Family influencers, calibrated amateurism, and justifying young digital labor. Social Media+ Society, v. 3, n. 2, p. 1-15, 2017.

ANDRADE, M.; CASTRO, G. Youtubers mirins e os vídeos unboxing: uma reflexão sobre a criança conectada nas tramas da publicidade contemporânea. Mídia e Cotidiano, v. 14, n. 1, p. 96-116, 2020.

ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, [1960]1981.

BARBOSA, A.; O’NEILL, B.; PONTE, C. Risks and safety on the internet: Comparing Brazilian and European children. London: EU Kids Online | LSE, 2013.

BLUEBOND-LANGNER, M.; KORBIN, J.E. Challenges and opportunities in the anthropology of childhoods: an introduction to “Children, Childhoods, and Childhood Studies”. American Anthropologist, v. 109, n. 2, p. 241-246, 2007.

BOLLO-BOUVIER, S. Transformação dos modos de socialização das crianças: uma abordagem sociológica. Educação e Sociedade, v. 26, n. 91, p. 391-403, 2005.

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 setembro de 1990. Institui o Código de proteção e defesa do consumidor. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: https://tinyurl.com/4ucatxzf Acesso em: 07 ago. 2020.

BRASIL. Resolução 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA). Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 65, p. 4, 4 de abr. 2014.

CASTRO, L.R. (Org.). Infância e adolescência na cultura do consumo. Rio de Janeiro: Nau Editora, 1998.

______. O futuro da infância e outros escritos. Rio de Janeiro: Faperj, Sete Letras, 2013.

DORETTO, J.; FURTADO, T. A “invasão” das crianças no discurso jornalístico: a representação não desejada da infância. E-Compós, v. 21, n. 2, 2018. DOI: https://doi.org/10.30962/ec.1471

ENRIQUEZ, J. Are you tattooed… yet? In: UNICEF. The State of the world’s children 2017. Children in a Digital World. New York: UNICEF, 2017. p. 94-95.

FURTADO, T.; DORETTO, J. Criança cidadã?: os manuais de redação e as orientações sobre infância e adolescência. Mídia e Cotidiano, v. 14, n. 1, p. 32-54, 2020.

HALL, S. Cultura e representação. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio: Apicuri, 2016.

JAMES, A.; JAMES, A. Key concepts in childhood studies. London: Sage, 2014.

______; JENKS, C.; PROUT, A. Theorizing Childhood. Cambridge: Polity, 1998.

JIMÉNEZ, A.; GARCÍA, B.; AYALA, M.C. Adolescents and YouTube: creation, participation and consumption. Prismasocial, n. 1, p. 60-89, 2016.

LAGE, N. Ideologia e técnica da notícia. Florianópolis: UFSC - Insular, 2001.

LEAVER, T. Balancing privacy: sharenting, intimate surveillance, and the right to be forgotten. In: GREEN, L.; HOLLOWAY, D.; STEVENSON, K. The Routledge Ccompanion to digital media and children. New York: Routledge, 2021. p. 235-244.

LIVINGSTONE, S. Internet literacy: a negociação dos jovens com as novas oportunidades on-line. Matrizes, n. 2, p. 11-42, 2011.

______; BOBER, M. UK Children Go Online: final report of key project finding. London: London School of Economics and Political Science, 2005.

______; BRAKE, D. On the rapid rise of social networking sites: new findings and policy implications. Children & Society, n. 24, p. 75-83, 2010.

MARÔPO, L. Crianças como fontes de informação: um desafio de inclusão do jornalismo. Vozes e diálogos, v. 14, n. 2, p. 5-17, 2015.

______. A mediação na construção de uma identidade de direitos da infância: representações jornalísticas de crianças e adolescentes em Portugal e no Brasil. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) – Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2009.

______; SAMPAIO, I.; MIRANDA, N. Meninas no YouTube: participação, celebrização e cultura do consumo. Estudos em Comunicação, n. 26, v. 1, p. 175-195, 2018.

MARRE, D. De infancias, niños y niñas. In: LLOBET, V. (Org.). Pensar la infancia desde América Latina: um estado de la cuestión. Buenos Aires: CLACSO, 2013, p. 9-25.

MONTEIRO, M.C. Crianças e Consumo Digital: A Publicidade de Experiência na Era dos Youtubers. Curitiba: Appris, 2020.

MORAES, R. Análise de conteúdo. Revista Educação, v. 22, n. 37, p. 7-32, 1999.

MOTTA, L.G. Para uma antropologia da notícia. Intercom, São Paulo, v. 25, n. 2, p. 11-41, 2002.

______; COSTA, G.; LIMA, J.A. Notícia e construção de sentidos: análise da narrativa jornalística. Intercom, v. 27, n. 2, p. 31-51, 2004.

NIETO, M. B. El sharenting y los derechos personalísimos del niño en Argentina. Revista Perspectivas de las Ciencias Económicas y Jurídicas, v. 11, n. 2, p. 17-32, 2021.

O’CONNOR, J. The cultural significance of the child star. New York: Routledge, 2008.

OTHON, R.; COELHO, M.G. Infância capitalizada nos processos comunicacionais em rede: estudo exploratório sobre o consumo midiático de crianças entre 10 e 12 anos. Mídia e Cotidiano, v. 14, n. 1, p. 74-95, 2020.

PONTE, C. Leituras das notícias: contributos para uma análise do discurso jornalístico. Lisboa: Livros Horizonte, 2004.

QVORTRUP, J. Visibilidades das crianças e da infância. Linhas Críticas, v. 20, n. 41, p. 23-42, 2014.

ROSSI FILHO, S. Graphos: glossário de termos técnicos em comunicação gráfica. São Paulo: Editorial Cone Sul, 2001

SARMENTO, M.J. Visibilidade social e estudo da infância. In: VASCONCELLOS, V.; SARMENTO, M.J. (Orgs.). Infância invisível. Araraquara, SP: Junqueira & Marin Editores, 2007, p. 25-49.

SILVA, G. Para pensar critérios de noticiabilidade. Estudos em jornalismo e mídia, v. 2, n. 1, p. 95-107, 2005.

SIROTA, R. Emergência de uma sociologia da infância: evolução do objeto e do olhar. Cadernos de Pesquisa, v. 112, n. 2, p. 7-31, 2001.

THOMPSON, J. A nova visibilidade. Matrizes, n. 2, p. 15-38, abr. 2008.

Téléchargements

Publié-e

2023-03-21

Numéro

Rubrique

Artigos | Articles